As soft skills vêm se tornando cada vez mais importantes no mercado de trabalho. O termo significa as habilidades comportamentais relacionadas a como as pessoas lidam umas com as outras ou consigo mesmas. Dentre elas, podem ser citadas a inteligência emocional, a resiliência e a organização. São, portanto, diferentes das hard skills, que se referem às habilidades técnicas de cada um.
Segundo pesquisa da consultora McKinsey, a estimativa é de que até 2030 o crescimento da demanda por habilidades emocionais seja de 26% nos Estados Unidos e de 22% na Europa e que hoje as capacidades de liderança e de gestão já se tornaram prioridade para a maioria das organizações.
Um levantamento da Forbes demonstrou que, em 2022, 45% de todos os empregos anunciados no LinkedIn Premium mencionavam a importância das habilidades de comunicação e que mais de 61% dos profissionais dizem que as soft skills no local de trabalho são tão importantes quanto as hard skills. Esses dados estão em crescimento desde a pandemia de covid-19, com a automatização de processos e com o trabalho remoto, que exigem menos conhecimentos técnicos e mais capacidade de se relacionar.
“As competências técnicas no mundo on-line em que vivemos são muito fáceis de adquirir. Temos cursos, vídeos, toda forma de aprendizado, principalmente no mundo online”, explica Rafaela Cozar, head de gestão e inovação na Roda Brasil Logística, transportadora que tem como foco organizacional o investimento em tecnologia e em gestão profissional. “Agora, o mesmo não acontece com as soft skills; elas precisam ser desenvolvidas de dentro para fora e dependem da maturidade e da vivência de cada indivíduo. Elas precisam ser buscadas e o profissional, acima de tudo, precisa querer desenvolvê-las”.
Para Rafaela, as habilidades que mais se destacam são resiliência, organização, gestão do tempo e capacidade de resolução de problemas. “Os desafios do dia a dia nos moldam como indivíduos e precisamos saber usar isso a nosso favor e aprendermos e sermos melhores com eles.
Assim, os desafios deixam de ser problemas e podem ser encarados como melhorias”, comenta. Mesmo que as soft skills não sejam adquiridas apenas com cursos e aprendizados, ainda assim é possível desenvolvê-las.
“É necessário fazer um exercício de autoconhecimento”, explica a head de gestão e inovação. “Na prática, temos que refletir sobre como agimos em situações do dia a dia e sobre como devemos agir se tivéssemos pensado na situação antes. Muitas vezes, as perguntas são mais importantes do que as respostas”.
E é responsabilidade das empresas ajudarem nesse desenvolvimento, também: “Conhecendo o colaborador, e sabendo onde pode chegar, podemos entregar novos desafios que vão permitir desenvolver essas competências”.
Uma vez desenvolvidas certas soft skills, é importante que os profissionais saibam demonstrar seus pontos fortes. “É por meio de situações e de desafios de seu trabalho que ele consegue demonstrar isso. Assim, sempre aconselho que guarde suas conquistas, anotando e colocando quais competências foram determinantes para alcançá-las. Isso trará clareza e ajudará na reflexão do que já está legal e do que ainda precisa ser trabalhado e servirá como material para poder compor seu perfil profissional, ajudando a crescer na carreira”, completa Rafaela.
*Rafaela Cozar é MBA em Finanças pela Fundação Getúlio Vargas
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