Nas minhas publicações tenho escrito sobre estratégia, relacionamento e atenção ao básico. Vou tentar neste artigo falar sobre estes temas e fazer uma relação entre os 3 tipos de amor descritos pelos Gregos e o Cooperativismo de Crédito. Não sou filósofo nem especialista no tema, apenas um curioso que tenta construir relações entre conhecimento e prática, e aqui vou usar os ensinamentos do Professor Clóvis de Barros Filho para falar do amor.
Na minha trajetória no Cooperativismo de Crédito estive por 7 anos numa Cooperativa Singular, passando pelas áreas administrativa e de negócios. Depois passei mais 14 anos em uma Cooperativa Central na área de Produtos e Negócios, em boa parte do tempo ouvindo/atendendo as demandas das Cooperativas Singulares. Viver nestes dois ambientes me trouxe a compreensão sobre o “calor” do negócio e a visão sistêmica acerca das demandas. E aqui entram os Gregos e os 3 tipos de amor.
O primeiro amor é Eros, o amor que é Desejo, e quando Desejo é porque não tenho. Enquanto estava na Cooperativa Singular vivi muito este amor, pois sempre desejava o que não tinha. Sempre olhava a concorrência e pensava “se tivéssemos este produto cresceríamos mais rápido”, “não é possível alcançar nossos objetivos sem os produtos XPTO”, e assim seguia. Esse amor de Singular é o amor Platônico. Só serei feliz ou realizado com aquilo que desejo.
Já na minha passagem pela Cooperativa Central, conhecendo mais sobre tecnologia e suas complexidades (nunca é só um botão!!), além de outros pontos como Custos, Controles, Riscos, Políticas, etc…Orientava as Cooperativas Singulares para o segundo amor que é Philia, o amor que é Alegria. Aproveite aquilo que você tem e seja feliz. Solucione os problemas dos Cooperados com os produtos que já estão disponíveis. Atenderemos todas as demandas? Claro que não, mas garanto que a maioria sim, e com as escolhas/prioridades certas iremos evoluir para as demais soluções. Esse amor da Central é o amor Aristotélico. Seja feliz e cumpra seus objetivos com aquilo que tem.
Agora, o principal amor dentro do Cooperativismo de Crédito, e que cabe para todas as empresas que tanto falam em centralidade do/no cliente, no nosso caso os Cooperados, é o amor Ágape, o amor ao outro. Veja que nos dois primeiros, na relação de Singular e Central o amor é intrínseco. Quando falamos de Ágape, o foco total é no outro, no cliente, no Cooperado. Cooperativas de Crédito, seja Confederação, Central ou Singular que NÃO estiverem voltadas para sua essência, seu principal motivador de constituição que são os Cooperados, serão sempre chamadas de Banco, algo que arrepia qualquer Cooperativista raíz. Ágape é o amor de Jesus, fazer o bem sem olhar a quem, isso deve ser o Cooperativismo (ao Mestre Moacir Krambeck).
Nos momentos que coordenei trabalhos de Planejamento Estratégico, Eros era sempre o destaque, com listas de projetos intermináveis. A Destruição Criativa de Schumpeter tem forte relação com Eros, e acredito que com recursos financeiros limitados, precisamos executar mais com aquilo que temos. Mais Philia e Ágape nos Planejamentos Estratégicos.
O Cooperativismo já nasceu com um Propósito fantástico, e Ágape neste sentido deve ser nossa força, diferencial e principalmente nossa Execução diária.
Por Rodrigo ImThurn, Gestor em Cooperativismo, Produtos e Serviços Financeiros. Especialista em Open Finance – Estratégia – Instituição Financeira Cooperativa – Conectar Pessoas.
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