A economia não tem importância nenhuma por si só. Toda a sua importância deriva do impacto efetivo que ela tem para melhorar ou não a vida das pessoas. Por isso mesmo, é sempre importante medir o impacto econômico que políticas de governo, modelos de negócios e organizações têm. Elas contribuem efetivamente para melhorar a vida das pessoas?
Recentemente, entrevistei Alexandre Barbosa, Diretor Executivo de Sustentabilidade, Administração e Finanças do Sicredi sobre uma série de quatro estudos sobre Os Benefícios do Cooperativismo de Crédito, conduzida em parceria com a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) e o pesquisador Juliano Assunção, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), especialista em Microeconomia Aplicada e Desenvolvimento Econômico.
O estudo Benefícios do Cooperativismo de Crédito na Economia Brasileira estimou o impacto do crédito das cooperativas na economia local. A cada R$ 1,00 concedido em crédito são gerados R$ 2,45 de valor agregado às regiões onde as cooperativas estão. Isso significa que o impacto agregado do cooperativismo de crédito à economia brasileira passa de R$ 21 bilhões por ano. Além disso, essas operações de crédito causaram a criação de 240 mil novas vagas de emprego ao ano. Cada R$ 35,8 mil de crédito concedido resultou em um emprego a mais. Estimulando o empreendedorismo local, o cooperativismo de crédito impulsiona a economia e melhora a vida de muitos brasileiros.
Os estudos evidenciaram também a atuação do Sicredi em municípios menores, onde a bancarização é geralmente mais difícil, muitas vezes impossibilitando a inclusão financeira da população local, como mostrou o segundo trabalho que foca no impacto sobre a bancarização. Nele, se averiguou que bancos tradicionais geralmente só abrem agências em cidades com mais de 8 mil habitantes. Já o Sicredi estabelece agências em municípios a partir de 2,3 mil habitantes. Além disso, as cooperativas operam em cidades com PIB menor. Cidades com PIB a partir de R$ 79 milhões anuais já têm cooperativas de crédito. Para o estabelecimento de bancos públicos é necessário um PIB mínimo de R$ 146 milhões e, para bancos privados, pelo menos R$ 220 milhões.Atuando em municípios menores, o cooperativismo torna possível o acesso da população a serviços financeiros completos, beneficiando, em especial, áreas rurais e mais afastadas de centros urbanos.
Os estudos apontaram ainda que, mesmo com a crescente digitalização, a existência de uma agência física ainda importa muito, principalmente em municípios menores e mais afastados de grandes centros. Quando um associado do Sicredi conta com uma agência em seu município, seu uso médio de produtos cresce 25% em dois anos, quando comparado a associados ativos em municípios sem atendimento físico, possibilitando a ele acesso mais efetivo às soluções financeiras.
Uma das pesquisas também mostrou que a capacidade de poupar e investir de muitos associados de cooperativas de crédito cresce após sua associação à cooperativa quando há uma agência para atendimento em sua cidade. No momento da associação, só 13% dos associados investem em depósitos a prazo. Após dez anos de relacionamento, esse índice passa de 49%.
No videocast Economia do Bem, que eu publicarei na íntegra no dia 12 de setembro em meu canal de YouTube, Alexandre Barbosa explicou cada um desses resultados, detalhou suas razões e consequências e trouxe várias outras informações sobre o impacto do cooperativismo de crédito e do Sicredi para as regiões que estão presentes e para seus associados. Assine já o meu canal de YouTube e clique no sininho para ser notificado no dia 12 de setembro quando o videocast for publicado. Vale muito a pena assistir.
*Ricardo Amorim é economista e autor best-seller
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