A 9ª Assembleia da Cooperativa dos Produtores Agroextrativistas do Bailique e do Beira Amazonas (Amazonbai), realizada nos dias 24 e 25 de janeiro na comunidade de Carapanatuba, Amapá, marcou um avanço histórico na participação feminina. Pela primeira vez, duas mulheres foram eleitas para a diretoria, e outras cinco assumiram cargos nos Conselhos da cooperativa.
Criada em 2017, a Amazonbai é um modelo de produção sustentável, sendo pioneira na certificação FSC de Manejo Florestal para a cultura do açaí. A cooperativa fortalece a organização comunitária dos povos ribeirinhos, promovendo inclusão e sustentabilidade.
Na nova gestão (2025-2029), Gabrielle Corrêa assume a vice-presidência e Odineia Calandrino a secretaria, ao lado de Amiraldo Picanço, reconduzido à presidência, Fabrício Mira (vice-secretário), Rosinei Monteiro (tesoureiro) e Álvaro Júnior (vice-tesoureiro). Além disso, três mulheres passaram a integrar o Conselho Fiscal e duas o Conselho Deliberativo.
Capacitação e fortalecimento feminino
A crescente participação feminina na Amazonbai é resultado de iniciativas como o Programa Economias Comunitárias Inclusivas e o projeto “Semeando a Sustentabilidade”, conduzidos pelo Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB). “Por muito tempo, mulheres e jovens foram invisibilizados nos processos produtivos. Trabalhamos formações em produção, associativismo, agroecologia e gestão para mudar essa realidade”, explica Waldiléia Rendeiro, analista socioambiental do IEB.
Desde 2021, o número de mulheres na cooperativa triplicou, passando de 17 para 54. “Nosso compromisso é garantir igualdade de gênero. Agora temos mulheres na diretoria e nos Conselhos, participando ativamente das decisões”, destaca Amiraldo Picanço, presidente da Amazonbai.
Empoderamento e novas perspectivas
Para Gabrielle Corrêa, esse avanço reflete o impacto das capacitações. “A meta é chegar a 1.000 cooperados até 2026, trazendo mais mulheres. Nosso planejamento estratégico prevê uma mulher na presidência até 2030. Outro marco foi a construção da Política de Salvaguarda, que previne violações dos direitos das mulheres”, enfatiza.
Essa política, elaborada com apoio de parceiros como o IEB, envolveu mapeamento de riscos e encontros para co-criação de diretrizes, resultando em um documento lançado em 2023.
Sara da Silva, eleita para o Conselho Deliberativo, compartilha sua trajetória de superação: “Antes, eu tinha sonhos, mas não enxergava além do que vivia. Com o movimento, me vi como protagonista. Sempre achei que, por ser dona de casa, não poderia ocupar esses espaços. Agora, busco conhecimento e quero continuar me capacitando”, conta. Aos 41 anos, ela concluiu o ensino médio por meio do Encceja e planeja cursar administração ou pedagogia.
A Amazonbai segue avançando na promoção da igualdade de gênero e na valorização das mulheres dentro do cooperativismo, consolidando-se como referência na construção de um futuro mais justo e sustentável.
Fonte: REPAM