Um dos objetivos desses estudos será a implementação de uma calculadora para analisar o ciclo de vida dos produtos da pecuária bovina de corte e leiteira. A ferramenta irá mensurar e certificar as emissões de carbono desde a etapa de uso dos insumos na produção agrícola até o processamento industrial.
A partir dos dados de base, serão sugeridos mecanismos de incentivo para estimular investimentos na redução de emissões, tanto na etapa agrícola quanto na industrialização da carne e do leite bovinos.
O coordenador do FGV Agro e titular da Academia Nacional de Agricultura da SNA, Roberto Rodrigues, afirma que o sistema deverá gerar diversos benefícios.
“Recentemente o parlamento europeu aprovou um texto-base para uma possível regulação comercial, proibindo a importação, exportação e comercialização de produtos oriundos de desmatamento. Com base numa análise de risco, a calculadora poderá auxiliar o Brasil, comprovando a sustentabilidade da sua pecuária”.
Ainda segundo Rodrigues, “unindo ciência e tecnologia, a calculadora permitirá que o setor de pecuária preste contas de suas reais emissões e remoções de gases de efeito estufa”.
Mapeamento
Atualmente já existem sistemas de produção pecuária que permitem neutralizar e até “sequestrar” (absorver mais carbono da atmosfera do que emitir), como as tecnologias contempladas no Plano ABC+, da Agricultura.
A ideia é ampliar essas ações, com a finalidade de auxiliar o Brasil a cumprir o Acordo do Metano, assinado na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 26), que estabeleceu o compromisso global de reduzir em 30% as emissões de metano até 2030.
O diretor de Crédito Produtivo e Socioambiental do BNDES, Bruno Aranha, prevê que será feito um mapeamento dos diferentes formatos de criação da pecuária no País, levando em conta as “muitas peculiaridades no Brasil, nas diferentes regiões”. Ele acrescenta que o estudo vá contribuir para que o setor, de posse de um inventário de carbono, possa “conhecer sua realidade”.
Linhas de financiamento
Depois desse mapeamento, o banco pretende criar linhas para o setor produtivo que viabilizem a migração das atividades mais intensivas em emissões de carbono e metano para as menos intensivas. “Este trabalho permitirá criar linhas similares ao que fizemos no RenovaBio, que permite que haja um inventariado para medir as atividades de produção de biocombustíveis”, afirma Aranha.
Empresas
Além da FGV, compõem o consórcio as empresas Imaflora, Agrotools, Waycarbon, WRI e DSM. O processo de escolha foi realizado por seleção pública e conduzido por um comitê avaliador de especialistas do BNDES e do Ministério da Agricultura.
O comitê observou os critérios de economia, qualidade do projeto e capacidade técnica do proponente. No entanto, ainda restam as etapas finais – análise pela equipe técnica, aprovação pela Diretoria do BNDES e assinatura de contrato – para que o consórcio dê início ao estudo.
Fonte: Broadcast Agro
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