Garantir a energia para a produção cada vez mais modernizada e exigente de precisão no campo é o desafio das cooperativas de infraestrutura que atuam no Norte do Estado. De acordo com o presidente da Creral, de Erechim, João Alderi do Prado, que atua em 37 municípios, a prioridade dos investimentos está no reforço da estrutura das suas redes e em novas subestações, que garantirão mais segurança no fornecimento ao campo.
“As subestações são os nossos grandes investimentos neste ano, justamente pela maior segurança e confiabilidade necessárias para o campo. Estamos investindo R$ 20 milhões na construção de uma subestação em Entre Rios do Sul, que vai minimizar muito a falta de energia nessa região, e em 2025, serão outros R$ 25 milhões para erguermos outra subestação em Sananduva. Nosso planejamento prevê ainda uma terceira, em Getúlio Vargas”, conta o presidente.
Em outra frente, a Creral aposta na geração de energia solar, com investimentos de R$ 55 milhões. “A energia solar é um caminho sustentável e que sempre representa uma boa oportunidade na nossa região. Assim como já operamos também na geração de energia a partir da casca de arroz”, explica Prado.
Atualmente, a cooperativa já conta com duas usinas solares em Erechim, e outras 11 em construção bem distante dali, em Guaíba e Santa Vitória do Palmar. Mesmo com os atrasos provocados pelas cheias, que deixaram a cooperativa quase 60 dias sem operar os canteiros de obra, a expectativa é concluir todas até o final deste ano.
Em Santa Catarina, a Creral ergue atualmente duas usinas hidrelétricas, e tem planos para o Rio Grande do Sul, e neste setor econômico, os efeitos dos eventos climáticos extremos também são sentidos e exigem adaptações. Nas redes, desde 2018 a Creral já trocou 20 mil postes, optando atualmente por materiais de fibra, mais resistentes aos ventos. A cooperativa também investe em sistemas de controle remoto da rede para garantir maior agilidade aos consumidores do campo.
“Para novos projetos de usinas hidrelétricas e nas que já temos em operação, estamos revisando, por exemplo, os parâmetros de cheias, especialmente em relação ao Rio Uruguai e os rios próximos. Sempre que temos uma operação de geração de energia hídrica, usamos uma projeção decamilenar de cheias. Em maio, alguns desses volumes foram superados. As novas cotas de proteção já estão em estudos para termos estruturas que contenham novas cargas”, detalha João Alderi do Prado.
Em Coronel Barros, no Noroeste Colonial, a cooperativa Ceriluz finalizou no primeiro semestre, depois de dois anos de escavações, o túnel que era o maior gargalo da sua nova usina, a Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Linha Onze. Iniciada em 2022, a obra recebe o maior investimento da história da cooperativa – R$ 200 milhões –, só neste ano, são aportados R$ 20 milhões, além de outros R$ 20 milhões em uma subestação. A previsão, de acordo com o presidente da Ceriluz Distribuição, Guilherme Schmidt de Pauli, é finalizar as obras em novembro e, no mês seguinte, fazer os testes na nova usina. Já há energia vendida para janeiro de 2025.
Em fase de projetos, e ainda dependendo das liberações de licenças, a Ceriluz planeja executar obras em 2025 para outras duas CGHs, em Augusto Pestana e, novamente, em Coronel Barros.
“Estamos chegando à nossa 10ª usina na região, com investimentos que foram iniciados em 2006. Somos a maior geradora de energia entre as cooperativas brasileiras. E operamos ainda uma usina a base de casca de arroz e estamos avançando em direção à energia solar, em Catuípe. Com um cenário de mudanças climáticas e eventos extremos cada vez mais potentes, é fundamental termos fontes de energia complementares”, aponta de Pauli.
A Ceriluz atende 23 municípios, somente três em zona urbana, e a preocupação com o reforço de redes e de disponibilidade de energia para a produção têm mobilizado a cooperativa. Somente no ano passado, foram investidos R$ 11,8 milhões na transformação de redes locais para trifásicas. Neste ano, são outros R$ 5 milhões aportados neste projeto. Há ainda a construção, no complexo de Coronel Barros, da quarta subestação da cooperativa.
“Estamos melhorando nossos alimentadores e a segurança da rede, além da infraestrutura. Justamente por conhecermos as dificuldades do campo, há 45 anos todos os nossos postes são de concreto”, diz.
Conforme levantamento da Federação das Cooperativas de Energia, Telefonia e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul (Fecoergs), entre o norte e noroeste gaúcho, há nove cooperativas atuando na geração e distribuição de energia, atendendo 172,6 mil consumidores. Elas respondem, no Rio Grande do Sul, por cerca de 5% da distribuição de energia.
A bacia do Rio Uruguai, que abrange o norte, nordeste e noroeste, é a origem de mais de 60% da energia gerada no Estado.
Um mapa do polo de cooperativas da Região Norte
Cooperativas de Infraestrutura:
– Cermissões (Caibaté)
– Creluz (Pinhal)
– Ceriluz (Ijuí)
– Coprel (Ibirubá)
– Cerfox (Fontoura Xavier)
– Creral (Erechim)
– Certhil (Três de Maio)
– Cooperluz (Santa Rosa)
Cooperativas do Agro:
– Cotrisa (Santo Ângelo)
– Cotrisal (Sarandi)
– Cotrel (Erechim)
– Cotribá (Ibirubá)
– Cotrirosa (Santa Rosa)
– Cotripal (Panambi)
– Cotrijal (Não-Me-Toque)
– Cotriel (Espumoso)
– Coopatrigo (São Luiz Gonzaga)
– Cotrifred (Frederico Westphalen)
– Cotrijuí (Ijuí)
– Coopermil (Santa Rosa)
– Cotricampo (Campo Novo)
– CCGL (Cruz Alta)
Fonte: Sistema Ocergs
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