Como os vinhos, o café também tem sutilezas particulares a cada região produtora e método de cultivo. O café ensacado por grandes empresas não é o único nas prateleiras dos supermercados, e apreciadores da bebida também encontram opções mais artesanais. Uma delas são os cafés feitos pelas cooperativas, grupos de pequenos produtores que se unem para ter maior participação no mercado doméstico e internacional. Mas como reconhecer um produto feito por elas?
Um dos esforços do setor é ampliar o uso do selo SomosCoop, um “carimbo” na embalagem dos produtos que assegura a origem deles. O uso, adotado há alguns anos, segundo o Sistema Ocemg, que representa o setor, cresce aos poucos. Hoje, o selo é utilizado por 200 das 785 cooperativas mineiras — que incluem não só o café, mas também outros produtos importantes para a cultura e a economia estaduais, como queijo e hortifruti. “O café das cooperativas concorre com as grandes empresas pela qualidade, sustentabilidade e pela diferença que faz na comunidade”, diz o superintendente do Sistema Ocemg, Alexandre Gatti Lages.
Em 2023, 57,6% do café produzido em Minas passaram por uma cooperativa, de acordo com o sistema. A participação do cooperativismo está se expandindo no Brasil. Em 2022, a produção correspondeu a 28% do café consumido no Brasil, percentual que saltou para 47% no último ano. O superintendente da Ocemg destaca que as cooperativas também exportam — atualmente, para 50 países —, mas o lucro fica no Brasil. “O resultado desse café não vai para fora do Brasil, mas para onde estão as pequenas produtoras”.
Esforços de sustentabilidade
Os esforços de sustentabilidade são um trunfo — de qualidade e marketing — das cooperativas. Um dos projetos desenvolvidos em Minas é uma parceria da Cooperativa dos Cafeicultores da Região de Lajinha (Coocafé) e a startup francesa NetZero. Ele transforma a palha do café em biocarvão, conhecido como biochar.
Geralmente, a palha residual do café apodrece e, no processo, libera CO². Já na produção do biochar, ela é transformada em um tipo de carvão que, adicionado ao solo, retém água e leva séculos para se deteriorar. “Experiências com o biochar mostram aumento de 20% da produtividade do café, e um segundo caminho possível é reduzir o uso de fertilizantes”, pontua o presidente da Coocafe, Fernando de Cerqueira.
A primeira fábrica em escala industrial de biochar na América Latina — com capacidade para processar 16 mil toneladas de palha de café por ano — foi instalada em Lajinha, na Zona da Mata, com investimento de R$ 20 milhões.
Fonte: O Tempo