Reunindo produtoras, pesquisadoras, lideranças e profissionais de todo o país, o 10º Congresso Nacional das Mulheres do Agro (CNMA) consolidou-se como o principal palco de visibilidade, capacitação e inspiração para as mulheres que constroem o agronegócio brasileiro. Realizado no Transamérica Expo Center, o evento — promovido pela Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) e pela Bayer — reforçou a força transformadora da presença feminina no setor, celebrando uma década de histórias e conquistas sob o lema da inovação, sustentabilidade e equidade. A MundoCoop, mídia parceria do CNMA, esteve presente acompanhando os principais insights.
A abertura ficou a cargo de Gislaine Balbinot, diretora executiva da ABAG, que destacou a importância de investir em conhecimento e oportunidades. “Promover a equidade de gênero também é apoiar o desenvolvimento sustentável do agro. Ciência e pesquisa são fundamentais para o avanço do setor”, afirmou. Na sequência, Tirso Meirelles, presidente do Sistema FAESP/Senar-SP, ressaltou o papel das mulheres rurais na modernização do campo: “Elas possuem uma percepção única do mundo agro, trazendo novos insights e caminhos para os gargalos do setor”, reforçou.
O painel de abertura, “Brasil, o país que muda o mundo para melhor!”, mediado por Roberto Rodrigues, professor emérito da FGV, trouxe ao debate nomes de peso, como Tereza Cristina, senadora e ex-ministra da Agricultura; Ângela Peres, diretora do MAPA; e Guilherme Piai, secretário de Agricultura de São Paulo. Rodrigues destacou o protagonismo brasileiro na agenda ambiental global: “O mundo estará olhando para o Brasil durante a COP30. É a oportunidade de mostrar o que o país está fazendo”.
Para Tereza Cristina, o agro nacional é motor de transformação: “Cada vez mais, as mulheres olham para o potencial do agro. O setor é o carro-chefe de uma grande mudança”. Já Ângela Peres destacou a atuação internacional das brasileiras: “Mesmo enfrentando barreiras em certos países, seguimos abrindo mercados — hoje são mais de 460 à disposição do produtor rural brasileiro”. Piai, por sua vez, apontou desafios estruturais: apenas 10% do agro está segurado, reforçando a urgência da democratização do seguro rural e o papel das cooperativas, que hoje reúnem mais de 200 entidades e 180 mil cooperados.
Em celebração aos dez anos do Congresso, foi lançado o livro “De Semente a Legado: Os 10 anos do CNMA”, de Flávia Tonin e Vera Ondei, com apoio de Renata Camargo. A obra resgata o impacto do evento na ampliação da visibilidade feminina no agro — seja no campo, na gestão, na pesquisa ou na ciência.
O futuro da mulher rural e do agro, em foco
A sustentabilidade permeou discussões centrais no CNMA. No painel “Mulheres que movem o agro: influência além do campo”, com Aline Locks, CEO da Produzindo Certo, e Renata Fernandes, gerente de Sustentabilidade da Elanco Brasil. Aline ressaltou a nova lógica produtiva: “A transformação do agro é orientada à consciência ambiental e às relações econômicas com sustentabilidade”. Já Renata lembrou que 56% dos médicos veterinários são mulheres, mas ainda há barreiras de acesso à educação e à liderança: “Não existe sustentável e produtivo — o futuro é sustentável e produtivo”.
Na Trilha Proteína Animal, o tema da economia circular foi debatido por José Luiz Tejon, professor e membro editorial da Revista MundoCoop; Raquel Pinheiro , Consultora em Fertilizantes Organominerais e Talita de Santana Matos, Engenheira de Desenvolvimento de Produto Sr. Raquel destacou o potencial dos fertilizantes orgânicos: “Há uma tendência de atribuir valor ao produto independente de sua origem”. Talita reforçou os desafios dos custos e a importância da agricultura regenerativa. “Precisamos olhar para ela com mais força e impacto”, destacou.
Um dos momentos mais esperados foi a entrega do 8º Prêmio Mulheres do Agro, idealizado pela Bayer em parceria com a ABAG. O CEO da Bayer, Marcio Santos, reforçou a importância e contribuição do reconhecimento: “O prêmio dá visibilidade a histórias que têm muito a ensinar”. Para Malu Weber, vice-presidente da Bayer, “mais de 80% dos entrevistados reconhecem que as mulheres são mais criativas. Reconhecer a gestão feminina é impulsionar o futuro do agro”. Entre as premiadas, destaque para produtoras de pequeno, médio e grande porte, além da categoria ciência e pesquisa, simbolizando a diversidade e força das mulheres do campo.
Ainda no ciclo de palestras e painéis, Nathanny Sousa, Consultora de Agronegócios da SICOOB CCS, destacou a iniciativa Prêmio Produtor Rural Sustentável da cooperativa. Sousa reforçou o papel do setor na valorização de práticas sustentáveis e na sucessão rural. “É preciso confiar nas novas gerações para que incorporem os processos da propriedade. O protagonismo feminino traz ganho de confiança e sustentabilidade ao empreendimento”, afirmou.
Já na parte final do evento, o painel “Todas: Conectando Mulheres” reuniu lideranças femininas de várias instituições — Geni Schenkel (Agroligadas), Juliana Farah (Semeadoras do Agro), Lúcia Bortolozzo (SRB), Maria Antonieta Guazzelli (NFA) e Maria Iraclézia de Araújo (Sociedade Rural de Maringá) — sob moderação de Jaqueline Silva, do Canal Rural. A conversa ressaltou a importância da união e da sororidade entre mulheres do agro. “Apenas ter as ferramentas não é o suficiente — é preciso acreditar na capacidade de empreender e tomar a frente dos negócios”, destacou Juliana Farah. Para Maria Antonieta, o desafio ainda é a segurança: “Estamos evoluindo, mas ainda é necessário mostrar que é possível”.
Mais do que um congresso, o CNMA 2025 reafirmou o papel das mulheres como agentes de transformação no campo, conectando inovação, ciência e sustentabilidade — e projetando o agro brasileiro como força essencial na construção de um futuro mais justo, produtivo e verde. O evento se encerra nesta quinta-feira, 23.



Por Redação MundoCoop