Em 1998, 20 empreendedores de Salvador, em sua maioria bancários, se uniram para cooperar no auxílio a empresas em projetos de captação de recursos. Nasceu então a Cooperativa de Profissionais Liberais (Cooliba), uma das representantes do Cooperativismo de Trabalho Produção de Bens e Serviços em atuação na Bahia. Desde então, a Cooliba cresceu e, atualmente, presta serviços de consultoria nas áreas de gestão, cooperação, planejamento, marketing, liderança e recursos humanos para empresas e cooperativas baianas.
“A Cooliba é formada exclusivamente por sócios cooperados, experientes e qualificados. A equipe é composta por economistas, administradores, advogados, contadores, além de educadores. Nosso foco é o atendimento e busca de melhores soluções às demandas de empresas e cooperativas”, explica a diretora administrativa da Cooliba, Marcia Marques. “Os serviços prestados vão desde o diagnóstico de clima organizacional à pesquisa de satisfação, permeado pela formação de líderes cooperativistas e dando mentoria no PDGC, Programa de Desenvolvimento da Gestão das Cooperativas”, complementa.
A Cooliba é uma das 38 cooperativas do Ramo Trabalho, Produção de Bens e Serviços registradas na Bahia. Essas coops contam com 16,9 mil cooperados e contribuem para a economia do estado e do país. Segundo o Anuário Coop 2022, as 688 cooperativas do setor espalhadas por todo Brasil registraram o ativo total de R$ 1,1 bilhão, em 2021. No ano, elas recolheram R$ 529 milhões aos cofres públicos e geraram 9 mil empregos.
A presidente da Cooliba e conselheira diretora do Ramo Trabalho, Produção de Bens e Serviços no Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado da Bahia – Oceb, Dora Costa, explica como funciona uma cooperativa do ramo. “A cooperativa é a conexão entre a oferta de oportunidade de negócio e a demanda. A cooperativa existe para prestar serviço ao seu cooperado, e o faz mediante a busca de oportunidades de negócio no para que os seus cooperados possam acessar o mercado, que, no caso da Cooliba, são as consultorias.”
O Cooperativismo de Trabalho, Produção de Bens e Serviços contempla os segmentos onde profissionais estão organizados em cooperativas para, juntos, acessarem o mercado. Neste ramo estão, por exemplo, cooperativas que prestam os serviços nas áreas de assistência técnica, confecção, consultoria e instrutoria, cultura e lazer, educação, gestão de resíduos, manutenção, conservação e segurança, mineração, produção artesanal, produção industrial, social e tecnologia e inovação.
Por ser uma alternativa para profissionais de perfil empreendedor que acreditam na união de forças, muitas cooperativas, a exemplo da Cooliba, são formadas entre profissionais de classe, como escritórios de contabilidade, cooperativas de profissionais da área da saúde, de produtores artesanais e outros.
Para Marcia Marques, o grande diferencial competitivo que faz o ramo se destacar é o da autogestão. “Acredito que o principal fator é ter o usuário como dono de fato da cooperativa. A autogestão consiste em uma cultura organizacional. Já que somos sócios, procuramos distribuir autoridade da tomada de decisão. É importante que haja clareza nas responsabilidades que cada pessoa integrante da cooperativa possui”, ressalta.
Assim, nessas cooperativas, trabalhadores “se transformam em donos do seu próprio negócio”, segundo o Sistema OCB. “Participam de todos os processos operacionais e administrativos, e da divisão dos resultados”. Para Dora Costa, esse modelo de negócio é uma alternativa vantajosa tanto para empresas, quanto para os trabalhadores.
“De um lado, aumentou a demanda das empresas por serviços que não fazem parte do seu principal negócio. As empresas queriam contratar de forma diferenciada, sem caracterizar um vínculo empregatício. De outro lado, o número muito grande de pessoas que estavam sem ter um emprego fixo, sem ter uma forma de prestação de serviço mais legalizada, teve a possibilidade de, através de uma cooperativa de trabalho, oferecer seus serviços de acordo com as leis de mercado”, analisa Dora Costa.
Vale destacar que muitas cooperativas surgem com base na junção de trabalhadores organizados a partir de associações e movimentos sociais. Um dos exemplos é o da cooperativa Recicle A Vida, do Distrito Federal, idealizada por um grupo de catadores de materiais recicláveis, em 2005. O cooperativismo possibilitou condições de trabalho e cursos de capacitação aos cooperados. De lá pra cá, a Recicle a Vida se especializou na “coleta, triagem, transporte e destinação final de resíduos”, e presta serviço para grandes geradores de resíduos e para o Serviço de Limpeza Urbana (SLU)do Distrito Federal. Ampliou ainda a sua atuação no DF e dá suporte a outras 8 cooperativas.
“Hoje em dia, não somos mais catadores. Somos agentes ambientais. Somos uma família inteira trabalhando, um ajudando o outro”, afirmou a cooperada da Recicle a Vida, Eneide Costa, à série SomosCoop na Estrada, do Sistema OCB.
Segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), em 2020, cooperativas como a Recicle a Vida e associações de catadores atuaram em mais de 1,1 mil municípios. Juntas, foram responsáveis por mais de 30% do volume de resíduos coletados, promovendo um ciclo de desenvolvimento que transforma a vida desses trabalhadores, impacta a comunidade onde estão presentes e ajuda o meio ambiente.
Na avaliação de Marcia Marques, cooperativismo é um modelo de negócio “inovador e participativo”. “As pessoas entendem, cada vez mais, que a cooperação é uma excelente oportunidade de crescimento, especialmente em tempos de maior instabilidade econômica e veem, no cooperativismo, alternativa ideal para muitas das demandas e necessidades da sociedade.”
Fonte: Brasil 61
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