O ano de 2024 é um período de condições climáticas extremas para o Brasil. Secas graves atingem as regiões Norte e Centro-Oeste do país, que também sofrem com os incêndios florestais de maior magnitude registrados desde 2007, segundo o Observatório Europeu Copernicus. Também neste ano, o Rio Grande do Sul passou por enchentes que causaram 182 mortes e transtorno para centenas de milhares de habitantes. A crise climática é real e preocupante.
Eventos de grande magnitude, como estes, e outros problemas que já viraram parte do dia a dia, como a queda na qualidade do ar, relacionam-se à crise climática vivida na Terra. As consequências do aquecimento global reforçam a necessidade de medidas práticas pela redução da emissão de gases do efeito estufa.
Neste artigo, vamos entender as consequências do aquecimento global e o que seu negócio pode fazer para combater a aceleração do efeito estufa. Boa leitura!
Os prejuízos da crise climática
O comércio está entre as áreas afetadas pela crise. Uma pesquisa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) mostra que 35% dos negócios consultados sofreram prejuízos financeiros decorrentes de mudanças climáticas severas em período de 12 meses. Além disso, 10,5% do empresariado alega que essas perdas custaram quantias significativas.
O levantamento também aponta que 51% das organizações foram afetadas de alguma forma por eventos climáticos. Parte dos comércios (13%) precisou interromper atividades em decorrência de alagamentos e calor excessivo, por exemplo.
O aquecimento global não afeta somente as organizações que estão em contato direto com o consumidor. Atividades logísticas e de transporte estão sujeitas a serem paralisadas ou fortemente impactadas por questões climáticas. Caso observado na Amazônia, afetada por seca grave. A falta de chuvas causou queda de 18,4% na quantidade de carga transportada no último quadrimestre de 2023, e o cenário parece se repetir em 2024.
O contexto levou à retomada de uma medida de exceção. A Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) autorizou a companhia Mercosul Line a operar embarcação estrangeira na região amazônica por 150 dias, algo proibido normalmente. A decisão de liberar veículos sem bandeira brasileira foi tomada levando em conta as dificuldades de navegação impostas pela crise climática.
O Brasil e o mundo na crise climática
Os exemplos da realidade brasileira são amostras dos transtornos que a crise climática causa em nível global: prejuízos financeiros. Desenvolvimento econômico e preservação ambiental podem parecer conflitantes em um primeiro momento, mas estudos indicam que, a longo prazo, os dois caminham lado a lado.
Um relatório publicado neste ano pelo National Bureau of Economic Research (NBER), dos Estados Unidos, projeta que o PIB global cairá 12% a cada 1ºC de aumento na temperatura média do planeta.
A pesquisa indica que, sem medidas efetivas, o aquecimento será de 3ºC até 2100, causando quedas superiores a 50% na produção e no consumo. Tal impacto é “comparável ao dano econômico de lutar uma guerra permanentemente”, disse o economista Adrien Bilal, um dos autores do estudo.
O que fazer contra o aquecimento global
Diante de um cenário alarmante de mudanças climáticas, ações governamentais são necessárias. Firmar acordos internacionais, estabelecer metas específicas e cumpri-las, avançar na descarbonização da economia e outras medidas são caminhos necessários. Entretanto, as cooperativas também podem contribuir na missão de frear o aquecimento global.
Sabe-se que uma via mandatória no combate às mudanças climáticas é a redução das emissões de carbono. O net zero – estado em que a quantidade de gases do efeito estufa emitida é igual à removida – tornou-se pauta recorrente no meio corporativo.
Nesse cenário, a falta de consenso global sobre metas é um empecilho, mas há pontos conhecidos e fundamentais para qualquer organização que deseje colaborar com uma economia de carbono zero. Um relatório da Deloitte os detalha:
- Usar menos: reduzir desperdícios, promover processos circulares, implementar produção e consumo responsáveis.
- Emitir menos: encontrar alternativas em processos com alta emissão de gases do efeito estufa.
- Regenerar, restaurar e reparar: remover carbono e restaurar o meio ambiente através de soluções baseadas na natureza.
- Mensurar, verificar, divulgar, rastrear: monitorar o progresso, ser transparente, analisar as emissões.
Agir contra a crise climática
Cumprir um ou mais desses pontos é possível através de medidas relativamente simples, independentemente do tamanho de sua cooperativa. Uma possibilidade é investir em eficiência energética e energia renovável.
A substituição de lâmpadas convencionais por equipamentos de LED, por exemplo, é um investimento que será recompensado na conta de luz, na durabilidade do item e na menor emissão de CO2.
Já operações maiores podem direcionar recursos à produção energética solar, com biogás ou outras alternativas sustentáveis. Assim, pequenas e grandes cooperativas fazem sua parte pelo meio ambiente.
Se sua cooperativa ainda carece de planos e metas net zero, possivelmente o melhor caminho é iniciar com metas realistas, além de verificar os processos do dia a dia.
Certifique-se de que a organização adota práticas básicas de sustentabilidade, como designar materiais para reciclagem, reduzir o uso de descartáveis e praticar consumo consciente. A partir desse primeiro passo fundamental, planeje iniciativas mais ousadas e de maior impacto no futuro.
O público espera mais das organizações
Se parte das medidas de combate à crise climática deve vir do meio corporativo, é natural que a população espere ações concretas das empresas. É isso o que mostra uma pesquisa da agência de comunicação Edelman, divulgada no ano passado.
De acordo com o relatório, 65% dos brasileiros confiam que organizações farão o que é certo em linhas gerais. Entretanto, o índice cai para 48% quando o assunto é enfrentamento às mudanças climáticas.
Ou seja: mais da metade da população não acredita no papel das corporações na preservação ambiental. Apenas os setores de agricultura, tecnologia e energia renovável são considerados confiáveis nesse tema.
A mesma pesquisa ainda expõe como o consumidor espera mais das corporações. Ao todo, 69% dizem que os negócios deveriam parar de anunciar produtos ou incentivar atividades prejudiciais ao meio ambiente. Ademais, 71% cobram por ações que facilitem a visualização do impacto ambiental que determinado produto causa.
Enfrentar a crise climática é bom negócio
Os dados apontam que parte significativa dos consumidores deseja se relacionar com marcas que atuem no combate à crise ambiental com ações efetivas e iniciativas verdes. A agenda de sustentabilidade já é uma tendência de consumo muito importante para o público consumidor.
Nesse cenário, o modelo cooperativista dialoga com as ambições dos consumidores. Já as cooperativas são orientadas por sete princípios, dentre eles o interesse pela comunidade, as cooperativas têm uma preocupação intrínseca em encarar a crise climática, o que é capaz de atrair consumidores e cooperados.
Colocar em prática medidas de sustentabilidade se faz mandatório em meio ao contexto de crise ambiental. Avançar no combate ao efeito estufa diminuirá impactos e prejuízos causados por eventos climáticos e contribuirá no longo caminho rumo a um planeta melhor para se habitar.
Fonte: Sistema OCB/ES