No coração de Minas Gerais, um movimento inspirador está moldando o futuro da energia limpa. A terceira edição do Seminário de Energias Renováveis, promovido pelo Sistema Ocemg no dia 05/09, foi palco para a apresentação de exemplos de iniciativas adotadas por cooperativas do Estado, que estão na vanguarda de uma revolução sustentável, impulsionando a utilização de fontes de energia renovável. O evento trouxe um painel com casos que já saíram do papel e que mostram resultados positivos. Os temas abordados foram agricultura sustentável e geração de riquezas, transporte sustentável e redução de custos, eficiência energética e responsabilidade social.
SUSTENTABILIDADE NAS ESTRADAS
Cooperativa: Coopmetro
Ramo: Transporte
Região: Colar Metropolitano de Belo Horizonte
Com uma frota de 2.850 veículos rodando em todo o território nacional, a Cooperativa de Transportes Autônomos de Carga (Coopmetro) considera as questões ambientais como grandes desafios do setor de transporte. No mercado há 23 anos, a organização busca soluções inovadoras para controlar as emissões de gases que provocam o efeito estufa. E uma maneira de fazer isso foi incluindo veículos elétricos — projeto ainda em fase piloto.
De acordo com Evaldo Moreira, diretor da Coopmetro e presidente da Confederação Nacional das Cooperativas de Transporte (CNTCoop), caminhões com motores elétricos ajudam a reduzir as emissões de poluentes na atmosfera, não têm ruído, promovem uma economia significativa de combustível e, além disso, têm menor custo manutenção.
“Dessa forma, ganha o cooperado, o cliente, a comunidade e o planeta”, enfatiza Evaldo, que também é coordenador do Ramo Transporte no Sistema OCB.
A iniciativa é estratégica, pois cerca de 75% da carga transportada no Brasil é feita nas rodovias, onde circulam 2,8 milhões de caminhões da frota nacional. “Nós temos trabalhado muito essa ótica da logística eficiente e sustentável da mobilidade inteligente e do papel do motorista do transporte seguro eficiente e sustentável”, explica.
Um caminhão elétrico da Coopmetro foi levado ao seminário. Os participantes puderam ver de perto o veículo, que tem autonomia de 150 km por carga de bateria. Atualmente, a energia utilizada pelo veículo é gerada por uma usina de energia fotovoltaica. Para recarregar a bateria do motor são necessárias entre seis e oito horas.
R$ 1 MILHÃO DE ECONOMIA
Cooperativa: Sicoob NossoCrédito
Ramo: Crédito
Região: Sul/Sudeste
No cenário da busca por eficiência energética, o Sicoob Nossocrédito mostra compromisso ambiental e social com seu programa de instalação de placas de energia fotovoltaica em todos os postos de atendimento. Iniciado em 2017, o projeto provocou uma economia de mais de R$ 1 milhão nesse período.
“O que realmente nos comove não é só economia financeira, mas o impacto ambiental gerado: redução de 1,4 milhão de toneladas de CO2, correspondente a 18 mil árvores plantadas, o que equivale a 16,2 hectares”, mostra o presidente Leonardo Diogo, Presidente do Conselho de Administração da coop.
Pelo Programa MinasCoop Energia, toda energia excedente produzida pelo Sicoob NossoCrédito é transferida para Associação de Amigos do Autista (AMA), de São Sebastião do Paraíso.
“É algo realmente muito gratificante a todos nós e vemos como o cooperativismo pode proporcionar uma sociedade mais justa e igualitária”, conclui.
AGRO SUSTENTÁVEL
Cooperativa: Coocafé
Ramo: Agropecuário
Região: Zona da Mata Mineira
A Coocafé fez uma parceria com a startup francesa NetZero para inaugurar a primeira fábrica de biochar (carvão biológico) da América Latina. O produto é um potente fertilizante desenvolvido a partir da palha do café — resíduo agrícola considerado um dos principais desafios da produção cafeeira já que, muitas vezes, ele é queimado, soltando gases do efeito estufa na atmosfera.
Com a implantação da fábrica em Lajinha, os cooperados da Coocafé entregam a palha do café para a cooperativa, que processa o material, transformando-a em biochar e também em energia. O empreendimento tem capacidade para produzir mais de 4.500 toneladas do produto por ano. Na prática, isso significa remover mais de 6.500 toneladas de CO2 da atmosfera todos os anos — seja por conta da redução das queimadas da palha, seja pela redução do uso de fertilizantes tradicionais, que também lançam gases poluentes na atmosfera.
Estudos revelam que o biochar, quando utilizado como fertilizante, pode aumentar em até 30% a produtividade na lavoura, trazendo ganho financeiro para o produtor.
“Com a implantação dessa fábrica, estamos ajudando a cuidar hoje do futuro do planeta. Quem sabe, lá na frente, essa iniciativa ajude nossos cooperados a comercializarem crédito de carbono e colocar o seu produto no mercado com maior valor agregado? Esse é o nosso papel como cooperativa: levar para o cooperado o nosso lema, que é ´o agro é sustentável´”, conclui o gerente-técnico da Coocafé, Valdean Lourenço Teófilo.
CONEXÃO INTERNACIONAL
A NetZero — parceira da Coocafé no lançamento da primeira fábrica de biochar da América Latina — foi fundada na França com o propósito de promover ações de apoio aos organismos internacionais na luta pela redução dos impactos do efeito estufa no planeta. Recentemente, a instituição foi contemplada por uma iniciativa da Fundação Musk, do empresário sul-africano Elon Musk, que premia iniciativas de remoção de carbono da natureza. Dentre milhares de projetos, o da NetZero foi selecionado para receber o valor de US$ 1 milhão, que será aplicado em fábricas de biochar em uma série de países. Dentre elas, a que foi inaugurada pela Coocafé, em Lajinha.
Fonte: Sistema Ocemg
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