Cada vez que um caminhão de carga roda 100 quilômetros por uma rodovia, 77 quilos de gases de efeito estufa são lançados na atmosfera com a queima de combustível. Agora imagine multiplicar esse número por 2,5 milhões – tamanho da frota de caminhões de carga do Brasil, segundo a Confederação Nacional dos Transportes (CNT) – e considerar as longas viagens que cada um faz pela imensa malha rodoviária do país. São muitas toneladas de gás carbônico lançadas na natureza, contribuindo diretamente para o aquecimento global.
Nesse cenário e diante do agravamento cada vez mais rápido das mudanças climáticas, cada caminhão movido a diesel ou gasolina substituído por um veículo elétrico — que não emite gases de efeito estufa na atmosfera — ajuda no combate ao aquecimento global.
Ciente da situação, a Cooperativa de Transportadores Autônomos de Cargas e Passageiros da Região Metropolitana de Belo Horizonte (Coopmetro) investiu, este ano, no primeiro caminhão elétrico de sua frota. Objetivo? Tornar o transporte rodoviário de carga mais sustentável.
O veículo não depende de combustível, não polui o ar e não emite ruídos. Para reduzir ainda mais a pegada ambiental – medida que calcula o impacto de uma ação sobre os recursos naturais – o motor é abastecido por energia elétrica renovável, gerada em uma usina solar.
O caminhão elétrico da Coopmetro tem autonomia de 150 km por carga de bateria. Para a recarga, são necessárias entre seis e oito horas. O projeto-piloto começou com um veículo elétrico alugado em parceria com um dos clientes da cooperativa, também interessado na prevenção e no controle do aquecimento global.
“Temos avaliado os pontos fortes e fracos do projeto”, explica o diretor da Coopmetro, Evaldo Moreira. “A avaliação está focada nos quesitos de custos, desempenho, impactos ambientais e atuação mercadológica. O custo do veículo é mais alto em comparação com os caminhões a combustão, devido às baterias caras. A manutenção também é um ponto de atenção, devido a alguns componentes importados.”
COMPROMISSO SUSTENTÁVEL
Apesar de os veículos elétricos ainda custarem muito caro no Brasil, o investimento da Coopmetro se justifica pelo compromisso da organização com a sustentabilidade.
“Queremos seguir uma agenda ESG, tornando nossa atuação mais sustentável em todos os aspectos”, explica Evaldo. “É papel de cada um de nós investir tempo e recursos em projetos que apontam para a promoção do bem-estar das pessoas e do planeta, incluindo-se aí o combate ao aquecimento global.”
Até agora, segundo o diretor da Coopmetro, os resultados têm mostrado que investir em caminhões elétricos vale a pena.
“Avaliando o aspecto econômico, os resultados diretos são economia de recursos, devido à eficiência energética e menos gastos operacionais. E também demonstramos nosso compromisso com a responsabilidade ambiental, atraindo clientes e investidores preocupados com esse tema do combate ao aquecimento global”, explica.
A frota elétrica também protege a cooperativa dos riscos da volatilidade de preços do petróleo, fator que impacta diretamente a operação e os ganhos.
ABASTECIMENTO
Apesar da atuação pioneira da Coopmetro, a operação de caminhões de carga movidos a eletricidade esbarra em fatores externos, como o alto custo dos veículos e a infraestrutura de recarga de veículos elétricos no Brasil, que ainda é insuficiente. De acordo com a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), há 3,8 mil eletropostos públicos ou semipúblicos em todo o país, mas a maior parte está concentrada nos grandes centros urbanos.
Na fase-piloto, os caminhões elétricos da cooperativa mineira vão circular no raio da autonomia das baterias: 150 km. “Hoje o abastecimento é feito em bases do cliente, o que nos limita em autonomia de expansão geográfica. Estamos construindo usinas de energia solar para oferecer grande parte dessa produção energética para movimentar nossos motores”, antecipa o diretor da Coopmetro.
Os planos da cooperativa para a frota elétrica também incluem a intercooperação com outras organizações cooperativistas para investir em novos veículos, parcerias com entes públicos e privados para melhorar a infraestrutura de abastecimento, e ampliar o conhecimento sobre a manutenção desse tipo de veículos. O objetivo é unir o coop mineiro em torno do combate ao aquecimento global.
PLANO ESTRATÉGICO SUSTENTÁVEL
Além da frota de caminhões elétricos, a Coopmetro investe em outras ações sustentáveis como parte de seu planejamento estratégico. O impulso para essa atuação foi o Programa de Desenvolvimento da Gestão das Cooperativas, do Sistema OCB, ao qual a coop aderiu em 2013.
“A partir do programa, criamos um comitê de ESG que, entre várias outras ações, apontou para a importância de conhecermos melhor o modelo de frota elétrica, no intuito de reduzir nossos custos, nossas emissões de poluentes, pegada de carbono e contribuir para atendimento das metas ambientais e do combate ao aquecimento global”, conclui Evaldo.
Fonte: SomosCoop
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