O Sistema OCB participou, nesta quarta-feira (16/04), da reunião do Grupo de Trabalho de Crédito Rural do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), com o objetivo de apresentar as principais propostas do cooperativismo para o Plano Safra 2025/26. O encontro reuniu mais de 40 representantes do governo e do setor.
As propostas estratégicas discutidas durante a reunião foram construídas em conjunto pelo Sistema OCB, as Organizações Estaduais (OCEs) e as cooperativas dos Ramos Agropecuário e Crédito. João Prieto detalhou as prioridades que orientaram o planejamento, divididas em quatro eixos principais:
- Ampliação dos limites de contratação por tomador: demanda essencial para garantir maior capacidade de investimento das cooperativas e seus cooperados;
- Aumento do volume de recursos disponíveis: medida necessária para atender à crescente demanda do setor;
- Manutenção da atual arquitetura do crédito rural: estrutura considerada bem-sucedida e que garante previsibilidade, segurança e organização ao sistema;
- Redução das taxas de juros: fator decisivo para garantir a competitividade dos produtores rurais, especialmente os cooperados.
O principal desafio apontado foi o de conciliar os recursos orçamentários disponíveis com as necessidades do setor agropecuário. Para Guilherme Campos, o cooperativismo é um importante parceiro do Mapa nas discussões em torno da política agrícola nacional. “Nós, enquanto Ministério da Agricultura e Pecuária, estamos de portas abertas para debates construtivos, tais como o de hoje, tendo em vista a busca por um setor mais forte e produtivo”, afirmou.
Um dos temas de destaque da reunião foi o Seguro Rural, com ênfase no Programa de Subvenção ao Seguro Rural (PSR), o Proagro e outros mecanismos da política de gestão de riscos. A Secretaria de Política Agrícola expressou preocupação com a sustentabilidade dessas ferramentas diante das incertezas fiscais, reconhecendo, no entanto, sua importância estratégica para o fortalecimento do setor e proteção aos produtores.
Os representantes das cooperativas participantes do GT de Crédito Rural do Sistema OCB puderam trazer suas demandas específicas, com diferentes perspectivas sobre as realidades regionais e setoriais. Para Clara Maffia, “o trabalho conjunto entre cooperativas, OCEs e o governo federal é essencial para construir políticas públicas mais eficientes e alinhadas às necessidades reais do campo. O Plano Safra é uma das ferramentas mais importantes nesse sentido”, concluiu.
Cooperativas devem liderar crédito rural
Dados do BNDES mostram que mais da metade dos recursos comprometidos no Plano Agrícola e Pecuário 2024/2025 foi destinada às cooperativas. Esse protagonismo reforça a importância das cooperativas no desenvolvimento sustentável e na economia das regiões onde os bancos tradicionais têm menor presença.
Com mais de um século de atuação junto ao campo, o Sicredi é hoje a principal instituição privada em crédito rural no Brasil. Em 2024, sua carteira de crédito agro alcançou R$ 101 bilhões, um crescimento de 21% em relação ao ano anterior. A instituição liderou os repasses do BNDES, com R$ 12,2 bilhões, dos quais R$ 8,4 bilhões foram destinados a programas agropecuários.
Sua relevância no setor se reflete em parcerias estratégicas, na ampliação do acesso ao crédito e na atuação como a primeira instituição financeira a operar o programa Pró-Trator, lançado em maio de 2024 pelo Governo do Estado de São Paulo. Para 2025, a previsão é de que o Sicredi libere aproximadamente R$ 50 milhões por meio dessa linha exclusiva para agricultores paulistas. “Nosso objetivo é oferecer condições ideais para que os produtores ampliem sua competitividade e incorporem inovações às suas atividades no campo”, reforça Gilson Farias.
O Sicoob, que também possui grande parcela no custeio e oferecimento de crédito para produtores rurais, esperava fechar a safra 24/25 com mais de R$53 bilhões em crédito. Para o próximo ciclo, o montante deve ser ainda maior.
O Sistema Cresol, com mais de 25 anos de parceria com o BNDES, também desempenha um papel crucial no apoio à agricultura familiar e no fortalecimento do cooperativismo no Brasil. Segundo Lucas Gelain, diretor da Cresol Transamazônica, “a Cresol é a maior operadora do BNDES no segmento da agricultura familiar, com operações em linhas como o PRONAF e PRONAMP, além de repasses para produtores e PJ. Em 2024, celebramos mais de 100 mil contratos com o BNDES, o que dá uma dimensão do tamanho da nossa parceria”, afirmou Lucas.
Os contratos firmados entre as cooperativas e produtores abrangem os principais programas governamentais voltados ao agro, e ainda, as cooperativas contam com linhas exclusivas, com melhores condições de pagamento e personalizadas para cada produtor.
Com informações de Sistema OCB, Sicredi e Cresol