O cooperativismo é um modelo de organização que vem se consolidando globalmente como uma ferramenta de desenvolvimento econômico e social. Existem 3 milhões de cooperativas no mundo, reunindo 1 bilhão de cooperados e gerando 280 milhões de empregos. No Brasil, o cenário não é diferente. Segundo o Anuário do Cooperativismo Brasileiro de 2024, o país conta com 4,5 mil cooperativas, 23,4 milhões de cooperados e 550,6 mil colaboradores.

No Espírito Santo, o movimento cooperativista também mostra sua força. São 112 cooperativas registradas no Sistema OCB/ES, divididas em sete ramos de atuação e reunindo mais de 832 mil cooperados. Desse total, 23 coops são do Ramo Agropecuário, e o segmento da cafeicultura se destaca como um dos principais pilares da economia capixaba.
“O café é mais que uma cultura agrícola no Espírito Santo: é parte da identidade do estado e motor de transformação social. Os impactos do setor produtivo são visíveis tanto no campo quanto nas cidades, e as cooperativas são protagonistas nesse movimento, promovendo desenvolvimento econômico, inclusão e sustentabilidade”, avalia o engenheiro agrônomo e analista de Desenvolvimento Cooperativista do Sistema OCB/ES Vinícius Schiavo.
A força da cafeicultura capixaba
O ano de 2024 foi especialmente marcante para a cafeicultura no Espírito Santo. O setor celebrou recordes históricos, como a valorização do café conilon, evidenciada pelos preços elevados pagos pela saca; sua entrada na Bolsa de Valores de São Paulo (B3); e a equiparação da alíquota do ICMS do conilon em relação ao café arábica em regiões estratégicas do país.
Embora Minas Gerais lidere a produção nacional de café, a realidade capixaba revela um cenário de maior capilaridade da cultura. Enquanto no estado mineiro duas a cada dez propriedades rurais produzem café, no Espírito Santo esse número salta para sete a cada dez, totalizando cerca de 50 mil propriedades envolvidas com a cafeicultura, de acordo com a Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag). A atividade responde por 37% do Produto Interno Bruto (PIB) agrícola do estado.
Impacto econômico e representatividade
De acordo com a última edição do Anuário do Cooperativismo Capixaba, as cooperativas do Espírito Santo foram responsáveis por cerca de 24% da comercialização de café verde no estado em 2023, movimentando mais de 2,8 milhões de sacas. No comércio exterior, o desempenho também foi expressivo: os cafés capixabas das cooperativas chegaram a 27 países, com exportações que somaram R$ 87,9 milhões.
Além da atuação direta na produção e comercialização, o cooperativismo capixaba se destaca pela representatividade institucional. O Sistema OCB/ES ocupa mais de 40 cadeiras em fóruns e conselhos estratégicos, com participação ativa em instâncias como o Conselho Nacional do Café (CNC) e o Programa de Desenvolvimento Sustentável da Cafeicultura do Espírito Santo.
“O cooperativismo tem sido um dos grandes protagonistas do fortalecimento da cafeicultura capixaba. Por meio de inovação, organização e foco na sustentabilidade, as cooperativas têm impulsionado milhares de produtores, promovido inclusão produtiva e gerado riqueza para o estado. Em um cenário cada vez mais competitivo e globalizado, o Espírito Santo mostra que, quando o campo se une em torno de um propósito comum, os frutos colhidos são de excelência e, claro, com sabor de café”, conclui o analista Vinícius Schiavo.
Cooperativas que fazem a diferença
Diante desse cenário promissor, as cooperativas desempenham papel de destaque na cafeicultura capixaba. Atualmente, quatro cooperativas lideram o setor no estado:
Cooabriel: maior cooperativa de café conilon do mundo, conta com 8.173 cooperados, sendo 7.303 no Espírito Santo e 870 na Bahia. Em 2024, protagonizou um feito histórico ao ser a primeira cooperativa a comercializar café conilon na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), com a operação registrada em 23 de setembro de 2024.
Nater Coop: é a maior cooperativa agropecuária do estado em número de cooperados e empregados, com 23.833 associados e 1.441 colaboradores. Embora seja diversificada, a cafeicultura representa cerca de 50% de seu faturamento. Em 2024, atingiu a marca de 1,13 milhão de sacas de café verde comercializadas, um recorde na história da cooperativa.
Cafesul: atuante na região Sul do estado, é um exemplo de sucesso na inclusão produtiva de mulheres e na produção de cafés orgânicos e de alta qualidade. Com cerca de 180 cooperados, vem se destacando nacionalmente e internacionalmente pela excelência de seus produtos.
Coocafé: embora seja uma cooperativa mineira, é registrada no Sistema OCB/ES e tem forte atuação no Espírito Santo, especialmente na região do Caparaó. Conta com mais de 11 mil cooperados, sendo cerca de 3 mil capixabas, majoritariamente produtores de café arábica.
O protagonismo das cooperativas também foi evidenciado no concurso Coffee of the Year (COY) de 2024, realizado durante a Semana Internacional do Café, em Belo Horizonte (MG). Cooperados da Cafesul e Nater Coop conquistaram três lugares no pódio que reconheceu os cinco melhores cafés conilons do Brasil.
Cases que inspiram
Além disso, alguns cases mostram na prática como a cultura traz avanços sociais e econômicas, trazendo transformações profundas onde está presente.
Cooabriel alia apicultura a lavouras de café
Pensando em diversificar sua cadeia produtiva e investir em uma cultura sustentável, a maior cooperativa de café conilon do mundo instalou um apiário em sua fazenda experimental, em São Domingos do Norte. Estamos falando da Cooabriel, com sede em São Gabriel da Palha.
O projeto saiu do papel em junho de 2024 e alia a apicultura à produção de café conilon na região. Mas como é possível que uma atividade beneficie a outra? Por meio da polinização das flores do café, pois estudos sugerem que a presença de abelhas perto de lavouras aumenta a produtividade do cultivo.
Em sua primeira fase, o apiário contava com 30 colmeias, que agora estão em processo de multiplicação. Além de servir como espaço de estudo e capacitação para cooperados interessados em produzir mel, o local também permite avaliar as potencialidades econômicas desse nicho.
Em dezembro de 2024, foi realizado o Primeiro Encontro de Apicultores da Cooabriel. O evento reuniu cerca de 70 produtores rurais, interessados tanto em iniciar quanto em expandir a atividade dentro de suas propriedades.
Café Hall Sicoob gera conexões mais humanas
Autonomia digital é ótimo, mas tem coisa que funciona melhor olho no olho, concorda? O relacionamento interpessoal é marca registrada do cooperativismo, e o Sicoob Espírito Santo potencializou esse diferencial ao abrir cinco unidades do Café Hall Sicoob no estado.
Os ambientes são abertos para todo o público, inclusive para quem não é cooperado. Neles, você encontra serviços de cafeteria, espaços de coworking, salas de reunião e eventos e até uma agência que oferece todos os produtos e serviços da instituição financeira.
As unidades estão localizadas em cinco pontos: uma no prédio da Findes, em Vitória; uma na sede da Fecomércio, também em Vitória; uma no Shopping Boulevard, em Vila Velha; uma na Associação dos Empresários da Serra (Ases), na Serra; e outra em Campinho, no município de Domingos Martins.
Que saber mais sobre como as unidades funcionam? Assista a esse vídeo que esclarece dúvidas frequentes sobre o Café Hall.
Fonte: Sistema OCB/ES, com adaptações da MundoCoop