Estou num MBA na França, Food & Agribusiness Management, na Audiencia Business School Nantes em parceria com FECAP São Paulo, com estudantes, juventude internacional e, ao meu lado, uma brilhante aluna, Elaine Araújo, líder da comissão jovem do cooperativismo do Rio de Janeiro e diretora da cooperativa de Teresópolis. Elaine está neste programa por ter sido eleita numa enquete do Canal Rural e, através de uma pergunta com vários candidatos a este MBA para 14 meses na França, esta jovem líder cooperativista foi a escolhida.
O surpreendente deste encontro com a juventude de todos os continentes é de serem totalmente conduzidos por uma sustentabilidade orientada, onde todas as apresentações sem exceção, envolvem sustentabilidade. E, aqui, passamos a ver também Ecocoops surgindo para toda a sociedade, onde um dos mais nobres fundamentos do cooperativismo é ascendente, cooperação humana para a dignidade humana de seres humanos e de todo planeta: one planet, one health.
Enquanto organizava minhas ideias para o meu capítulo com os alunos no dia seguinte, “Brasil + Tropical Belt Nations”, comecei a prestar atenção nas apresentações e fui impactado por uma verdade presente em todas elas: sustentabilidade.
Ideias como promover o turismo com a comunidade local, com exclusividades dos distintos “terroir“ – expressão francesa para a cultura particular de cada micro região – e aproximar a juventude de famílias agrícolas seria toda a diferença desejada dos novos viajantes planetários, os jovens.
Outras como, transformar supermercados em cozinhas anti desperdício, numa economia circular regenerativa, ou produzir snacks infantis plenos de saúde desde a originção até sua oferta aos responsáveis criando uma indústria de saúde muito acima de simplesmente doces e biscoitos. Ainda, iniciativas sensacionais como o aproveitamento das cascas dos alimentos, como as cascas das batatas – originadas sob todos os rigores da sustentabilidade e da agricultura regenerativa – ricas em vitaminas também transformadas em snacks.
Enquanto isso, no Brasil, participamos do lançamento da força tarefa pelo bem estar animal, numa união da Abag, Associação Brasileira do Agronegócio, com o Instituto Sócio Cultural Brasil-Alemanha, e foi apresentada uma pesquisa revelando que o item específico mais valorizado pelo consumidor final no consumo da proteína animal está vinculado a percepção de bons tratos e bem estar animal. A ABCS, Associação Brasileira dos Criadores de Suínos, participou enfatizando esse compromisso, inclusive numa carta assinada em comum acordo com a rede de supermercados GPA.
A juventude do mundo está totalmente bio orientada sobre meio ambiente, bem estar animal, economia circular, guerra anti desperdício e segurança nutricional desde a pré originação.
Podemos já assistir iniciativas como da ANDA, Associação Nacional para Difusão do Adubo, criando processos que vinculam fertilizantes a nutrientes para a vida: NPV. Ou seja, a qualidade da fertilidade de solos e plantas impacta diretamente na saúde humana. Estamos assistindo a chegada real de uma BIOGENERATION, uma juventude mundial bio orientada.
Essa Bio Geração fará a sucessão nos campos, cooperativas, agroindústria, comércio, serviços e nas pesquisas das áreas vegetais e animais. Esses jovens rapazes e moças, hoje realizando suas graduações e pós graduações, já são as vozes que falam mais alto no novo agronegócio dos próximos 30 anos. E isso nada mais é do que a própria visão do grande criador do conceito de agronegócio em Harvard nos anos 1955, Prof Dr Ray Goldberg, que me disse agora com seus mais de 95 anos: “o agronegócio virou um sistema de saúde, um health system, e produtoras e produtores rurais deverão ser tratados como agentes da saúde planetária, além de somente produtores rurais“.
Bem vindos para esta BIOGENERATION, uma geração mundial totalmente bio orientada!
Dentro dessa inexorável tendência e realidade há muito a ser feito para separar ilusões de realidades e distingui-los também dos legítimos sonhos (sonho é o que fazemos com a realidade enquanto sonhamos, ilusão é o que a realidade faz conosco enquanto nos iludimos).
Portanto, mais do que negar, reclamar, polarizar ou deixar que essa visão Bio seja usada por facções político partidárias, precisamos estabelecer reais planejamentos estratégicos pra um posicionamento dos países, e do novo cooperativismo. Aquele que vai engajar bilhões de jovens na sua extraordinária filosofia.
Com nossa jovem aluna cooperativista pudemos presenciar uma COOP BIOGENERATION. Uma geração bio cooperativista. Com certeza Elaine Araujo teve o privilégio deste MBA, desse convívio e de assistir o quanto temos para crescer internacionalmente no sistema cooperativista. E o quanto esta juventude cooperativista fará pelas cooperativas, pelo Brasil e pelo mundo, afinal, “one planet, one cooperation“.
O cooperativismo será do tamanho do mundo e o mundo será do tamanho do seu cooperativismo, mas precisamos de bio líderes, bio cooperativas e, sem dúvida, esta geração bio para as COOP BIOGENERATIONS.
Juventude cooperativista vamos juntos. Sucesso Elaine!
*José Luiz Tejon é palestrante especialista em agronegócio e membro editorial da Revista MundoCoop

Coluna exclusiva publicada na edição 122 da Revista MundoCoop