Após a Cooperativa Dália Alimentos oportunizar 53 novos postos de trabalho para venezuelanos, duas agências vinculadas à Organização das Nações Unidas (ONU) se reuniram na Dália em Encantado, na manhã do dia 24 de janeiro, para conhecer o suporte que a Cooperativa oferece na interiorização e empregabilidade de imigrantes.
Durante a reunião, o vice-presidente Executivo, Igor Estevan Weingartner, apresentou os ramos de atuação da Cooperativa e o número de imigrantes que trabalham na empresa, oriundos de sete diferentes nacionalidades. “Atualmente, são 351 haitianos, 32 venezuelanos, 15 dominicanos, oito argentinos, sete cubanos, quatro uruguaios e um paraguaio”, detalhou Weingartner, totalizando 418 imigrantes.
O dirigente lembrou que a contratação dos primeiros haitianos foi uma iniciativa da Dália, sem incentivo de órgãos públicos. A Cooperativa trouxe, o primeiro grupo de famílias haitianas em 2012, vindas de Brasileia, no Acre. Destacou que a Dália foi pioneira na região ao oferecer 50 postos de trabalho aos haitianos e, depois, buscou um segundo grupo de 70 famílias, em 2013.
“Naquele primeiro momento enfrentamos diversos desafios na interiorização. O primeiro foi o choque cultural, seguido pela dificuldade em encontrar um tradutor, devido às diferenças linguísticas, para o processo de adaptação. Também observamos desafios na integração social com a comunidade encantadense e a necessidade de suporte do município para atender às demandas de educação básica e saúde”, explicou.
Weingartner enfatizou que para facilitar a adaptação das famílias, a Cooperativa ofereceu seis meses de estada em um hotel, com refeições e transporte gratuitos. “Após esse período, a locação de um imóvel ainda contou com o apoio e aval da Dália”.
Mencionou que a cooperativa tem em seu DNA a acolhida de estrangeiros, uma vez que em 1947, foi fundada por descendentes de imigrantes italianos e alemães. “A história nos mostra que muitos imigrantes deixaram seus países em busca de melhores condições de vida. Por isso, receber imigrantes é uma honra para a Dália e defendemos o princípio de protegê-los e oferecer-lhes um tratamento igualitário, sem distinção étnica”, destacou.
Projeto Venezuelanos
Conforme a supervisora do Setor Pessoal, Sandra Simonis Lucca, esta importante reunião com a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e a Organização Internacional para as Migrações (OIM) ocorreu após a ACNUR identificar que a Dália necessitava de mão de obra em suas unidades. “Em dezembro recebemos a visita de representantes da ACNUR de Brasília e São Paulo, que nos informaram a existência de refugiados em busca de oportunidades em Boa Vista, Roraima”, relata Sandra ao mencionar que colocaram a Dália em contato com a representante local para discutir o assunto.
Com uma reunião agendada para listar os pré-requisitos e a necessidade de divulgar as vagas e as condições, a equipe da Dália, com o aval da diretoria, se deslocou até Roraima para realizar as entrevistas. Assim, por meio de uma representante da ACNUR e de outros parceiros da ONU, como a empresa Pegasus e um representante do Exército Brasileiro, a supervisora apresentou a estrutura da Dália ao grupo interessado em trabalhar na cooperativa. “Realizamos as entrevistas individualmente com cada família e selecionamos os grupos familiares dispostos a vir para o RS, conforme nossa avaliação”.
Em Roraima, outro representante da ACNUR entrou em contato com a Dália e revelou a missão de visitar empresas do Rio Grande do Sul que empregavam estrangeiros, incluindo o desejo de conhecer a cooperativa. “Ainda em janeiro, Leandro Mendes, representante da agência, agendou uma visita com uma comitiva composta por representantes da ACNUR, da OIM e outros membros da ONU. O objetivo era identificar formas de melhorar o perfil dos candidatos refugiados para aumentar sua empregabilidade”, explica Sandra.
Para isso, a Dália segue as diretrizes da ACNUR/ONU ao oferecer 60 dias de hospedagem em hotel, com alimentação gratuita durante esse período. “Caso alguma família consiga sair do hotel antes desse prazo, auxiliaremos no aluguel até completar os 60 dias, com um valor máximo de R$ 1.800,00. Por falta de moradias disponíveis, as famílias ficarão em Arroio do Meio, 20 das quais em um hotel e outras três em casas”, comenta Sandra ao esclarecer que os novos colaboradores venezuelanos terão auxílio de estrangeiros fluentes em português.
Criação de postos de trabalho
Segundo Pablo Mattos, oficial de Relações Governamentais na Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e responsável pelo escritório no RS, a Dália é uma empresa que tem empregado um número significativo de pessoas vindas de diferentes países que desejam recomeçar. “Esta visita à Dália teve como objetivo conhecer os processos de contratação e integração desses funcionários. O setor privado desempenha um papel fundamental na integração social e econômica das pessoas refugiadas e migrantes nas comunidades de acolhida, como os municípios de Encantado e Arroio do Meio”, afirmou Mattos ao destacar a importância não apenas da criação de postos formais de trabalho, mas também dos processos de integração que auxiliem essas pessoas a terem uma vida digna, com oportunidades no Brasil.
Fonte: Independente