O dólar operava com volatilidade nesta segunda-feira (13), oscilando entre altas e baixas conforme o mercado seguia de olho na divulgação de alguns dos últimos dados econômicos referentes ao ano de 2024 no Brasil e lá fora. O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3, opera em alta.
Na agenda da semana, o Banco Central do Brasil (BC) divulgou mais uma edição do Boletim Focus. O relatório, que reúne as projeções do mercado financeiro para os principais indicadores econômicos do país, apontou novas elevações nas estimativas para a inflação.
Outro destaque da semana fica com o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que é considerado uma prévia do número fechado do Produto Interno Bruto (PIB) do país. O indicador será divulgado na quinta-feira (16), com os números de novembro.
Já no exterior, investidores aguardam novos dados de inflação nos Estados Unidos, com os índices de preços ao consumidor e ao produtor previstos para esta semana. Os indicadores são de dezembro e mostrarão como ficou a inflação americana ao longo de 2024.
Esses números serão observados com atenção, pois trazem pistas sobre como o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) pode conduzir sua política de juros em 2025.
Uma inflação mais controlada e perto da meta do Fed, de 2% ao ano, pode contribuir para que a instituição promova novos cortes em suas taxas de juros. Juros menores nos EUA reduzem a rentabilidade dos títulos públicos do país, considerados os mais seguros do mundo, e contribuem para uma desvalorização do dólar frente a moedas de outros países.
Já uma inflação acelerada pode ter o efeito contrário, dando mais força ao dólar, principalmente com a eleição de Donald Trump. O novo presidente promete taxar os produtos importados que chegam aos EUA, o que pode encarecer esses produtos e elevar a inflação no país.
Ainda no exterior, o mercado repercute os números da balança comercial da China. Em dezembro, o país teve um superávit comercial — ou seja, exportou mais do que importou — de US$ 104,84 bilhões, acima das expectativas e mostrando um aumento em relação aos números registrados em novembro.
O que está mexendo com os mercados?
A atividade econômica brasileira e a inflação no país seguem no centro das atenções do mercado nesta semana.
Depois de encerrar 2024 com uma alta acumulada de 4,83%, as expectativas para o IPCA em 2025 já são de um novo estouro da meta de inflação, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Segundo o Boletim Focus, os economistas do mercado voltaram a elevar suas projeções para a inflação nacional em 2025, prevendo um Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 5% até o final deste ano. Na semana passada, a expectativa era de uma alta de 4,99%.
Isso colocaria a inflação brasileira, mais uma vez, acima do teto da meta. A meta é de 3% para este ano, e será considerada cumprida se ficar entre 1,5% e 4,5%. A projeção para 2026 no Focus também subiu, de 4,03% para 4,05%.
Na última sexta-feira, o novo presidente do BC, Gabriel Galípolo, precisou enviar uma carta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicando o porquê de a inflação ter ficado acima da meta em 2024. O documento disse que o estouro foi causado pela forte atividade econômica, queda do real e extremos climáticos.
A preocupação do mercado é que alguns desses fatores devem persistir, com destaque para a atividade econômica aquecida e a depreciação do real. Nesse sentido, investidores monitoram de perto a próxima divulgação do IBC-Br, que traz uma prévia do que deve ser o PIB do quarto trimestre.
Para a taxa de câmbio, o Boletim Focus mostra que as projeções são de um dólar a R$ 6 no final do ano. Os fatores para a pressão da taxa de câmbio são internos e externos.
Por aqui, o mercado ainda segue de olho no cenário fiscal, esperando novas sinalizações do governo sobre a contenção das despesas da União, para que seja possível equilibrar as contas públicas.
Já no exterior, a posse de Donald Trump, que acontece no próximo dia 20, pode trazer novas pressões inflacionárias para os EUA, se o presidente eleito cumprir suas promessas de tarifar os produtos importados no país.
Mais tarifas devem elevar os preços dos produtos, gerando mais inflação. Isso pode interromper o ciclo de queda de juros do Fed, ou até levar a instituição a voltar a promover altas nas taxas.
Se os juros sobre, os rendimentos dos títulos públicos americanos ficam mais atrativos e geram uma tendência de mais investimentos no país, valorizando o dólar em relação a outras moedas.
Na agenda, os novos dados de inflação dos Estados Unidos devem ficar na mira do mercado, que esperam novas sinalizações sobre o futuro dos juros nos Estados Unidos. A temporada de balanços corporativos por lá também pode influenciar o comportamento dos mercados.
Na Ásia, a recente força da balança comercial chinesa aumenta as expectativas para os próximos dados de atividade no gigante asiático, que devem ser fundamentais para medir a eficácia dos últimos estímulos implementados pelo governo da China no último ano.
Fonte: G1