“Eu gosto do impossível porque lá a concorrência é menor”. A frase de Walt Disney, sem dúvidas, fez história no passado. Mas se antes a concorrência era vista como vilã, hoje sabemos que ela tem um papel fundamental no crescimento de cada negócio. Então, a frase desse ídolo do mundo do entretenimento americano não faria tanto sentido nos dias atuais. Especialistas garantem que, ao analisar o que o concorrente faz, e principalmente, como ele faz, podemos ter uma compreensão aprofundada do cenário em que uma empresa opera. O mesmo vale para as cooperativas, cada vez mais focadas em tornar o seu modelo de operação eficaz e inovador.
De acordo com Edson Alves de Oliveira, CEO da Melt Comunicação, a concorrência, quando observada cuidadosamente, pode fornecer insights valiosos sobre práticas eficazes de construção de marca. “Ao analisar o que empresas bem-sucedidas estão fazendo, uma cooperativa pode identificar elementos que podem ser adaptados em sua própria estratégia de marca”, afirma o profissional, acrescentando que, para se tornar uma marca reconhecida hoje, é fundamental ter uma proposta de valor clara que ressoe com o seu público-alvo. “Isso inclui ter uma identidade sólida, um posicionamento de mercado coerente, garantindo que todas as práticas de comunicação sejam autênticas e alinhadas com os valores fundamentais da cooperativa”, completa.
Fato positivo é que as cooperativas têm se mostrado integradas a esse novo momento, em que diversas empresas têm se destacado num mercado muito competitivo em busca de relevância e credibilidade, ocupando um espaço no mercado nacional e girando a economia de forma surpreendente. Independentemente de cada setor, diversas companhias têm se tornado exemplos a serem seguidos, pois inclusive figuram em ranking de melhores empresas da atualidade, sendo escolhidas pelos mais diversos motivos. Um deles é o posicionamento de marca, extremamente necessário para que o consumidor escolha por que comprar um produto ou serviço de uma empresa, e não de outra. Gigantes como as empresas de alimentos Coca-Cola e Nestlé podem ser citadas. Enquanto a primeira é a marca de bebidas mais valiosa do mundo, segundo o estudo “Food & Drink”, a segunda detém o portfólio de alimentação e bebidas mais valioso, em valores equivalentes a 58 milhões de euros.
Seguindo este mesmo caminho, Edson Alves diz que as cooperativas têm se destacado ao adotar uma abordagem centrada no valor que oferecem, envolvendo não apenas o investimento em diferenciais competitivos, mas também esforços significativos para modernizar suas operações e adaptar suas culturas organizacionais para serem mais ágeis e inovadoras. “Para fazer parte de listas de ‘Melhores e Maiores’, as cooperativas precisam de práticas robustas de governança, onde a transparência e a responsabilidade são centrais. A inovação também é frequentemente um fator determinante, seja por meio da adoção de novas tecnologias, novos produtos ou serviços melhorados que atendem às necessidades emergentes dos consumidores. Hoje, uma cooperativa deve também ter um compromisso claro com a sustentabilidade e a responsabilidade social, pois são valores que cada vez mais importam para os consumidores e o mercado”, detalha.
No ramo da saúde, a Unimed é pioneira no quesito de posicionamento de marca. A Seguros Unimed, braço segurador e financeiro do Sistema Unimed, foi reconhecida entre as 10 maiores operadoras de saúde no ranking Melhores e Maiores 2024 da Exame, além de figurar entre as 50 principais seguradoras do Brasil. Segundo Omar Abujamra Junior, Presidente da Unimed do Brasil, o reconhecimento é fruto de uma trajetória consistente de mais de 56 anos prestando serviços de saúde de qualidade, com foco no bem-estar dos clientes. “Ao longo dos anos, investimos fortemente na assistência, buscando sempre oferecer acesso a uma rede de alta qualidade, com profissionais qualificados e tecnologias inovadoras. Atualmente, nossos beneficiários contam com mais de 30 mil serviços de saúde da nossa rede própria e credenciada”, comemora ele, afirmando ser importante acompanhar de perto a concorrência, mas sem perder a essência e o propósito do negócio. “Ao analisar o mercado, conseguimos identificar nichos e oportunidades, antecipar tendências, ajustar estratégias, aprimorar a nossa oferta de produtos e serviços, e também fortalecer os nossos diferenciais, principalmente enquanto cooperativas”, completa.
“A concorrência pode informar não apenas como uma cooperativa se apresenta ao público, mas também como inova e evolui seus produtos e serviços. Ao manter um olhar atento sobre as ações dela, as cooperativas podem evitar pontos cegos e se antecipar às mudanças do mercado, garantindo que suas estratégias estejam sempre atualizadas e em sintonia com as tendências emergentes”
– Edson Alves de Oliveira, CEO da Melt Comunicação
Além disso, a Unimed tem núcleos especializados, principalmente o de Desenvolvimento de Mercado, específico para análise da concorrência, das estratégias e, sobretudo, do consumidor. “Buscamos entender seus hábitos de consumo, dores e desejos para oferecer soluções personalizadas que gerem valor. Ao manter o cliente no centro de nossas decisões, construímos uma relação de confiança e fidelidade, fundamental para conquistarmos a confiança de 20,5 milhões de beneficiários em planos de saúde e odontológicos e o reconhecimento da nossa marca”, conta. Para isso, o presidente da cooperativa revela que também foi desenvolvido o modelo de gestão “Jeito de Cuidar Unimed”, cujo objetivo é a intensificação de processos centrados na experiência dos beneficiários, de forma que cada um receba cuidados personalizados e de alta qualidade.
Outra cooperativa que também tem conquistado o seu lugar ao sol é a marca Aurora, pertencente à Cooperativa Central Aurora Alimentos (Aurora Coop). No mais recente Ranking Kantar Brand Footprint 2024, ela alcançou a 10ª posição de marca de frequência de compra nos lares brasileiros. “Esse resultado vem de um trabalho de construção de marca de longo prazo. Em 2021, iniciamos o projeto de revitalização da marca, modernizando sua logomarca e embalagens, trazendo nosso posicionamento de marca de cooperativa mais evidente na comunicação com os consumidores. Também aumentamos o nosso investimento em comunicação na Mídia e no Ponto de Venda, elevando a cobertura e frequência de exposição”, explica Ricardo Chueiri de Souza, Diretor de Mercado e Consumo da Aurora Coop.
O executivo comenta, ainda, que a Aurora também expandiu o portfólio, com novas linhas de produtos lançadas a partir de tendências de mercado e pesquisas feitas com os seus consumidores. “Lançamos, em 2022, a marca Aurora Premium, voltada a momentos especiais de churrasco, com mais de 20 itens entre linguiças saborizadas, cortes suínos e de frango com temperos especiais, e a marca Aurora Bem Leve, destinada a bem-estar e saudabilidade, com uma linha de frios com baixo teor de gordura e sódio, e marmitas saudáveis. Tudo isso contribuiu para o crescimento da marca em todas as regiões do Brasil”, observa.
Outro ponto levado em consideração pelo executivo da Aurora Coop partiu do entendimento dos desejos e aspirações dos consumidores, que buscam marcas cada vez mais conectadas com sua realidade e que fazem o bem para a sociedade. “A nossa proposta de valor é baseada no cooperativismo, um sistema justo e equilibrado, em que os próprios produtores rurais são os donos do negócio, valorizando a prosperidade no campo e na cidade”, avalia Ricardo.
Para o diretor de mercado e consumo da Aurora Coop, estar atento às mudanças de mercado, entender melhor os hábitos de consumo e os desejos dos consumidores é parte fundamental do trabalho. “Temos de avaliar constantemente a nossa performance frente à concorrência. Para isso, contamos com leituras de mercado que nos auxiliam a entender as movimentações das marcas e fabricantes nas diferentes áreas geográficas e canais de vendas, além da precificação, da distribuição e do giro no ponto de venda, entre outras métricas”, afirma.
Ele acrescenta que a cooperativa faz muitas pesquisas qualitativas e quantitativas com consumidores nas categorias em que atua, para entender os seus desejos e motivações. “Estamos constantemente avaliando a percepção dos nossos produtos junto aos consumidores para trazer melhorias contínuas, adequações nas embalagens e tamanhos, nas formulações e também no desenvolvimento de novos itens que complementem e facilitem o dia a dia dos nossos consumidores”, completa.
Um mercado cada vez mais digital
A união de nativos digitais com o crescimento das fintechs, além do estímulo do Banco Central do Brasil às inovações tecnológicas no Sistema Financeiro Nacional, tem contribuído para a melhoria da qualidade dos produtos e serviços bancários oferecidos aos brasileiros, tanto em aspectos de usabilidade quanto em relação às condições comerciais. Num cenário em que as fintechs buscam diminuir a burocracia para os clientes – como o Nubank e o tradicional Itaú – aperfeiçoando processos que impactam diretamente na experiência do usuário e reduzindo custos, é natural que as cooperativas se desenvolvam ainda mais a partir disso.
Segundo Cláudio Halley, Superintendente de Estratégia e Gestão do Sicoob, tais medidas resultaram em uma capacidade ampliada de atender às necessidades dos clientes, sendo absorvida pelas demais instituições financeiras como forma de se manterem atualizadas com o mercado. “É notório que os neobancos estão conseguindo um aumento expressivo de sua base de clientes e pulverizando suas receitas em seus diversos produtos, fato que há alguns anos ainda teríamos dúvidas quanto à capacidade da escalada acelerada de base poderia ser revertida em resultado. Estamos todos aprendendo com esse novo cenário”, opina.
Atento ao mercado e sua competitividade, o Sicoob oferta produtos competitivos, com preços e taxas justas alinhados ao papel da cooperativa, que é ser o ente agregador de pessoas com a finalidade de promover a justiça financeira e prosperidade de seus integrantes. “Talvez a grande diferença seja continuarmos prezando em nos posicionar como um sistema que atua com proximidade a seus cooperados. Por isso, temos atuado de forma intensa e cooperativa para assegurar a monitoração do mercado, recomendando a incorporação à operação das cooperativas daqueles movimentos coerentes com o propósito cooperativista que têm capacidade de aprimorar a experiência ofertada aos cooperados”, observa ele, cuja atuação da rede tem mais de 4,6 mil agências em todo o Brasil.
“Estar atento às mudanças de mercado, entender melhor os hábitos de consumo e os desejos de nossos clientes e consumidores é parte fundamental do nosso trabalho. Afinal, trabalhamos para satisfazer os nossos consumidores e clientes todos os dias. E dentro deste contexto, temos de avaliar constantemente a nossa performance versus a concorrência”,
– Ricardo Chueiri de Souza, Diretor de Mercado e Consumo da Aurora Coop
Fato é que as estratégias integradas para fortalecer a marca e ampliar seu alcance têm dado certo. No ramo das finanças, a Sicoob ficou em oitavo lugar dos “100 Maiores Bancos” do ranking do Valor 1000. Com uma das maiores redes de atendimento físico do país, o que representa mais de R$332 bilhões em ativos e R$178,1 bilhões em operações de crédito, De acordo com o superintendente da cooperativa, a contínua expansão do portfólio de produtos e serviços, que visa atender às diversas necessidades dos cooperados, é o carro-chefe para que isso ocorra. “O Sicoob tem trabalhado ativamente para oferecer soluções financeiras completas, permitindo que seus cooperados possam centralizar suas operações financeiras, promovendo o conceito de “principalidade”, ou seja, ser a principal instituição financeira dos seus cooperados. Esse portfólio robusto inclui desde linhas de crédito adaptadas a setores estratégicos, como o agronegócio e micro e pequenas empresas, até produtos voltados para a inclusão financeira e a sustentabilidade, como financiamentos para energia solar e programas de educação financeira”, explica Halley.
Além disso, o Sicoob tem utilizado plataformas de endosso, como o esporte, a música e a dramaturgia, para ampliar significativamente sua visibilidade. Com personalidades de renome nacional, como Jorge & Mateus na música, Zico e Endrick no esporte, e Rosana Jatobá na sustentabilidade, essas parcerias reforçam o compromisso da instituição em alcançar e dialogar com públicos diversos. “Ao associar a marca a ícones desses segmentos, o Sicoob fortalece sua presença e promove o cooperativismo de maneira acessível, conectando-se a diferentes públicos que reconhecem a marca por meio de diversas formas de interação”, afirma o executivo.
Sustentabilidade em foco
No setor da sustentabilidade, a marca Natura é um exemplo para as que estão no ramo. Segundo a pesquisa Brand Finance, a marca, avaliada em US$1,7 bilhão, foi escolhida como a mais forte do mundo no setor, em um estudo que combina desempenho econômico, valores e potencial. Nesta trilha de sucesso estão duas cooperativas: a Coplacana e a Cafesul, que também apostam em ações sustentáveis para se diferenciar.
Para Roberto Rossi, Diretor de Negócios da Coplacana, o reconhecimento das cooperativas como excelentes empresas com foco no que as companhias têm feito de interessante é resultado de um conjunto de fatores, como a forte cultura de cooperação, a governança transparente e o foco no desenvolvimento sustentável. “As cooperativas colocam os interesses de seus cooperados em primeiro lugar, buscando soluções que gerem valor e promovam o desenvolvimento social e econômico das comunidades onde atuam. A tomada de decisões nas cooperativas é realizada de forma democrática, com a participação ativa de todos os cooperados, os donos do negócio, o que garante maior transparência e legitimidade nas ações da empresa.”
Roberto explica que a Coplacana cresceu nesse sentido, graças à otimização de processos e à maior eficiência na gestão da cadeia de suprimentos. Além disso, ele destaca que a cooperativa tem sido reconhecida por diversas iniciativas de ESG e o investimento em projetos sociais. E, para definir as estratégias adotadas, usa um dos princípios do cooperativismo, a intercooperação, que consiste na parceria entre cooperativas para fortalecer o movimento e os princípios cooperativistas. “Entendo que outras cooperativas do mesmo segmento são parceiras, atuamos juntas sempre visando as pessoas em primeiro lugar. Entretanto, a concorrência naturalmente é uma característica do mercado em si, uma prática organizacional. Ela é o que move os negócios, é um motor de inovação e melhoria contínua”, diz.
Rossi afirma, ainda, que observar a concorrência é fundamental para identificar as melhores práticas do mercado, antecipar as tendências e ajustar as estratégias da cooperativa, posicionando o diferencial de fidelização do cooperado, construção de relacionamentos duradouros, reconhecimento de marca e confiança. “Além disso, a análise da concorrência permite identificar oportunidades de colaboração”, pontua ele, acrescentando que a cooperativa estuda itens como penetração, área de atuação, preço, parcerias, expansão, competitividade e oportunidades, além de fazer um acompanhamento constante das ações e estratégias dos principais concorrentes, tanto no âmbito local quanto nacional. “Pesquisamos os benefícios oferecidos, para oferecer o melhor para nosso cooperado. Em nossa área de Inteligência Comercial, um braço do Marketing, trabalhamos fortemente, dia a dia, utilizando ferramentas de análise mercadológica para entender como o mercado está se posicionando atualmente, por meio de pesquisas, consultorias, análise SWOT e cruzamento de dados”, define.
Renato Theodoro, presidente da Cooperativa de Cafeicultores do Estado do Espírito Santo, a Cafesul, afirma que o cenário é propício para companhias que estão focadas na sustentabilidade. Empresas brasileiras como Klabin e Lojas Renner têm se tornado cada vez mais reconhecidas pela transparência ambiental da Carbon Disclosure Project (CDP), sendo alçadas em 5% no S&P Global, o Anuário de Sustentabilidade de 2024, dando exemplo para o setor cooperativista que atua na área. “A Cafesul tem, desde 2008, a certificação internacional Fairtrade (Comércio Justo), cuja sede fica na Alemanha. Trabalhamos dentro do tripé para sustentabilidade ambiental, social e econômica, em que atendemos condicionantes ambientais e sociais através de um uso restrito para agrotóxicos. Por conta desse selo, recebemos um prêmio social por cada saca de café vendida, sendo revertido para diversos projetos da nossa cooperativa”, informa Theodoro.
O presidente da Cafesul também está sempre de olho nas tendências mercadológicas. Foi assim que, inclusive, ele desenvolveu um projeto de café orgânico depois de visitar uma feira internacional em Berlim. “Em todos os estandes que visitava para oferecer nosso café, a primeira pergunta que me faziam era se tinha café orgânico. Na volta, decidi fazer um piloto na cooperativa para a sua produção”, relembra ele que, hoje, tem as próprias marcas de café, o Pó de Mulheres e o Casario.
Theodoro também acompanha as pesquisas de mercado. Desde o término da pandemia, ele diz ter observado uma tendência dos consumidores em procurar alimentos mais saudáveis. “Nossos cafés, que são produzidos de uma maneira sustentável, com menos agrotóxico ou orgânicos, são muito procurados atualmente. Além disso, investimos em projetos para reduzir nossa pegada de carbono. Por exemplo, a energia consumida no nosso armazém é toda solar. Não é suficiente para o nosso consumo e já temos um excedente que pretendemos distribuir com as associações de nossos cooperados”, informa.
E não para por aí. A Cafesul tem um projeto de desenvolver um café orgânico dentro da cooperativa, em que há um incentivo para os produtores migrarem para esse tipo de produção sustentável. Inclusive, recentemente a cooperativa fechou uma parceria com sua coordenadora latino-americana para montar uma fábrica de bioinsumos. “Pretendemos desenvolver algumas cepas de produtos biológicos e distribuir para os nossos cooperados usarem nas lavouras como forma de reduzir seus custos e o uso de defensivos. A ideia é sempre buscar melhoria contínua nessa questão da sustentabilidade”, adianta.
“Ter o cliente no centro das estratégias e negócios das empresas exige que as cooperativas se adaptem rapidamente às suas expectativas e necessidades. Um dos principais desafios é a oferta de soluções cada vez mais flexíveis, o que exige capacidade de customização dos produtos e serviços. A inovação constante, a qualidade dos serviços e a experiência do cliente serão diferenciais competitivos cada vez mais importantes”
– Omar Abujamra Junior, presidente da Unimed do Brasil
A modernização e evolução são pilares estratégicos para a Coplacana. Além da recente implantação do sistema interno de gestão SAP S/4HANA e da digitalização de processos do Desenvolvimento Humano e Organizacional, a cooperativa está investindo em outras tecnologias, como a agricultura de precisão, irrigação e máquinas agrícolas com rastreamento, telemetria e inteligência artificial para otimizar a produção e oferecer produtos e serviços mais personalizados aos cooperados. O Avance Hub foi criado com esse intuito, de identificar os principais desafios dos produtores rurais e buscar, no mercado, soluções para eles. A Coplacana também tem desenvolvido plataformas digitais para facilitar a interação com os cooperados, como a Revista Digital, loja virtual (e-commerce) e o App do Cooperado, um lançamento futuro da cooperativa.
Experiência do cliente no centro muda o cenário das cooperativas
Colocar o cliente no centro da experiência levou as cooperativas a reformularem seus modelos de negócio para focarem ainda mais na personalização do serviço e na satisfação das necessidades específicas dos clientes. Isso significa adotar uma abordagem mais consultiva e interativa, onde o feedback dos clientes é continuamente incorporado ao desenvolvimento de produtos. “As cooperativas estão agora mais propensas a criar programas de fidelidade e serviços que proporcionem valor agregado, como consultoria financeira personalizada ou iniciativas comunitárias que reforcem o compromisso social. Essa mudança estratégica está enraizada na compreensão de que um cliente satisfeito não apenas retorna, mas também se torna um defensor da marca no mercado”, afirma Edson Alves de Oliveira, CEO da Melt Comunicação.
Ele diz que a digitalização pode ser introduzida gradualmente, começando com soluções que oferecem maior valor agregado aos membros e clientes. Além disso, é importante que as cooperativas também considerem formar parcerias com startups ou empresas de tecnologia para trazer inovação sem precisar fazer grandes investimentos iniciais. “A capacitação dos funcionários para lidar com novas tecnologias é também crucial para o sucesso dessas iniciativas”, completa Edson.
Para a Unimed, trabalhar continuamente para otimizar os processos e utilizar ferramentas digitais para facilitar a vida dos beneficiários faz parte do dia a dia “A experiência do cliente é prioridade para nós. Investimos ainda na capacitação de nossos médicos cooperados e colaboradores para oferecer um atendimento eficiente e humanizado. Para tanto, a Faculdade Unimed tem um papel relevante, com a oferta de cursos nas áreas de gestão, saúde e cooperativismo”, observa Omar Abujamra Junior, Presidente da Unimed do Brasil.
A cooperativa de saúde também acredita que a digitalização dos processos é fundamental para desburocratizar e agilizar o atendimento, além de proporcionar maior autonomia aos beneficiários. “Por meio do nosso Plano Diretor de Tecnologia e Inovação (PDTI), apostamos na transformação tecnológica nas cooperativas e empresas do Sistema Unimed e implementamos o Projeto Sinergia para impulsionar a integração de plataformas, ferramentas, aplicativos e outros canais digitais. Como resultado, lançamos três healthtechs – Nexdom, Yuni Digital e Interall – para ampliar a convergência nacional de soluções em saúde. Além disso, temos investido em inovação aberta e parcerias, por meio do Lab – Hub Unimed”, afirma.
O presidente da Unimed Brasil declara, ainda, que o consumidor de saúde busca por soluções personalizadas, digitais e com foco em prevenção, o que já pode ser visto por startups disruptivas como Dasa, Alice, Dr.Consulta e Dasa, facilitadores dos serviços de saúde em constante crescimento, principalmente pelo meio digital. Para atender a essas demandas, a cooperativa oferece plataformas digitais intuitivas, telessaúde e 392 programas de promoção da saúde e prevenção de doenças crônicas, o que representa 63% do total dessas iniciativas do setor junto à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
“Estamos entrando em uma era de um sistema financeiro mais aberto e tecnológico, o que exigirá um foco maior na melhoria da experiência, no consumo de produtos financeiros e na otimização dos custos operacionais, permitindo ganho de escala sem necessariamente acarretar altos custos para os consumidores”
– Cláudio Halley, Superintendente de Estratégia e Gestão do Sicoob
No setor de finanças, o Sicoob, alinhado ao seu propósito de promover inclusão financeira com a visão de proporcionar a melhor experiência financeira aos seus cooperados, tem investido na transformação digital por meio de soluções que combinam tecnologia de ponta e proximidade com as comunidades. “O Super App Sicoob é um exemplo claro dessa estratégia. Unificando mais de 300 produtos e serviços em um único ambiente digital, ele foi desenhado para oferecer uma experiência aprimorada, moderna e intuitiva aos cooperados. Com funcionalidades específicas para cada linha de negócio – como crédito, cartão e cobrança –, o app reduz a quantidade de cliques necessários para realizar transações, melhorando a usabilidade e segurança, além de garantir um atendimento eficiente e prático”, diz Cláudio Halley, Superintendente de Estratégia e Gestão do Sicoob, sobre o app, que responde por mais de 75% das transações realizadas pelos cooperados, somando mais de 7 milhões de acessos diários. Além disso, ocupa uma posição de destaque nas avaliações nas lojas App Store e Play Store, sendo considerado uma das melhores plataformas financeiras do mercado.
O Sicoob também incorporou tecnologias avançadas, como a Inteligência Artificial Generativa, para aprimorar os processos internos e facilitar a vida dos funcionários. O Assistente Inteligente foi recentemente implementado, permitindo que os funcionários, por meio de um chat conversacional, possam interagir com documentos, gerar insights e obter informações relevantes de maneira mais rápida. Outra inovação de destaque é o Assistente Inteligente para pagamento de boletos, que automatiza o processo de agendamento de boletos. Com poucos cliques, o cooperado pode parametrizar a gestão de seus pagamentos, deixando que o sistema faça o trabalho automaticamente, garantindo otimização e eficiência, além de considerar eventuais descontos.
“Estamos entrando em uma era de um sistema financeiro mais aberto e tecnológico, o que exigirá um foco maior na melhoria da experiência, no consumo de produtos financeiros e na otimização dos custos operacionais, permitindo ganho de escala sem necessariamente acarretar altos custos para os consumidores. Nossa expectativa é de uma intensificação na disputa pela preferência de nossos cooperados, o que nos exigirá mais eficiência e escalabilidade, sem perder a essência cooperativista de promover maior justiça financeira. Assim, entendemos que, com este cenário, é fundamental acompanhar de perto as tendências de mercado para que possamos ajustar nossos planos e não perder o momento certo de agregar valor para nossos cooperados”, complementa Halley.
Na Coplacana, o cliente também é a estrela. Com o lema “Cooperado no centro”, todas as ações culminam em colocar o cooperado no centro da experiência, oferecendo uma série de benefícios, como a entrega de um kit de boas-vindas a todos os novos cooperados, com carta e QR Code direcionando para um vídeo feitos pelo presidente. “Também realizamos pesquisas de satisfação regularmente para identificar as necessidades e expectativas dos cooperados e ajustar nossas estratégias de acordo com isso, como o NPS, que atingiu a pontuação Score 79 (Net Promoter Score), e a criação da Persona, nosso mais recente projeto em andamento. Também construímos espaços interativos com ativações em nosso maior evento, o Coplacampo, para estimular a participação do cooperado e proporcionar a melhor experiência a ele”, lista Roberto Rossi, Diretor de Negócios da Coplacana.
No caso da Aurora Coop, atuar colocando os seus clientes e consumidores como elos centrais de toda a cadeia de valor é uma prática comum. Com uma carteira de milhões de consumidores em todo o Brasil e no mundo, através do atendimento direto de milhares de clientes, a cooperativa busca estabelecer parcerias duradouras com eles. “Contamos com uma equipe comercial de mais de 1.000 profissionais distribuída em mais de 25 filiais e centros de distribuição em todo o Brasil, especializada no atendimento aos diversos canais de venda (auto serviço, atacarejo, pequeno varejo, food service e distribuidores), além de um time robusto de mais de 1.800 promotores e encarregados que está presente diariamente nas principais lojas de auto serviço e atacarejo em todo o Brasil, garantindo a exposição e reposição dos produtos no ponto de venda, além de toda a cadeia logística que garante a distribuição direta para mais de 120.000 pontos de venda em todo o Brasil”, destaca Ricardo Chueiri de Souza, Diretor de Mercado e Consumo da Aurora Coop.
Conhecendo a concorrência
Conhecer a concorrência é um processo contínuo e estratégico. De acordo com Edson Alves de Oliveira, CEO da Melt Comunicação, isso envolve mais do que apenas saber quem são seus concorrentes diretos. Trata-se de um entendimento profundo das suas atividades de mercado. “A primeira ação específica é realizar uma análise SWOT (Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças) para compreender melhor seu próprio negócio e situá-lo no mercado. Em seguida, é importante identificar os players-chave do setor e estudar suas estratégias de marketing, preços, produtos, e relacionamento com clientes”, explica.
Outras ferramentas de inteligência de mercado, como relatórios de pesquisa de mercado, análise de dados online e benchmarking também podem oferecer insights valiosos. Além disso, a participação em feiras de negócios e eventos do setor permite obter informações em primeira mão sobre a concorrência. “Ao adotar essa abordagem multifacetada, é possível entender melhor as tendências de mercado e ajustar as estratégias de forma eficaz”, pontua.
Para Alves, a capacidade das cooperativas de se adaptarem e prosperarem em um ambiente competitivo depende do seu compromisso contínuo com a inovação, a experiência do cliente e a sustentabilidade. “Ao compreender e adaptar as melhores práticas do mercado, elas não apenas garantem sua relevância, mas também reforçam o papel vital que desempenham em suas comunidades. O sucesso futuro estará em equilibrar essas várias demandas enquanto se mantém fiel aos princípios cooperativos fundamentais de colaboração e benefícios compartilhados”, ensina.
“A concorrência é o que move os negócios, um motor de inovação e melhoria contínua. Observá-la é fundamental para identificar as melhores práticas do mercado, antecipar as tendências e ajustar as estratégias da cooperativa, posicionando nosso diferencial de fidelização do cooperado, construção de relacionamentos duradouros, reconhecimento de marca e confiança”
– Roberto Rossi, Diretor de Negócios da Coplacana
Outra parte essencial desse processo é o engajamento contínuo com os clientes, através de marketing de conteúdo relevante e estratégico, além de interações positivas que promovam a fidelidade e o boca a boca. “A consistência em todos os pontos de contato com o cliente é fundamental para construir e manter o reconhecimento da marca. E, no momento em que vivemos, as tendências a seguir incluem a digitalização, o uso de dados e análises para informar decisões estratégicas, além de um foco crescente em práticas sustentáveis”, afirma Edson.
O especialista em comunicação relembra, ainda, que observar a concorrência é essencial, pois ajuda a identificar o que os consumidores valorizam e o que esperam das organizações no setor. “Essa inteligência pode informar não apenas como uma cooperativa se apresenta ao público, mas também como inova e evolui seus produtos e serviços. Ao manter um olhar atento sobre as ações da concorrência, as cooperativas podem evitar pontos cegos e se antecipar às mudanças do mercado, garantindo que suas estratégias estejam sempre atualizadas e em sintonia com as tendências emergentes”, acrescenta.
Já para os próximos anos, os desafios são significativos, como a rápida evolução das tecnologias digitais, o aumento da concorrência de empresas inovadoras e a crescente demanda dos consumidores por práticas ambientais e sociais responsáveis. Há também o desafio de navegar pelas complexidades de uma economia globalizada, onde as flutuações de mercado podem afetar as operações locais. “Para superar essas barreiras, as cooperativas precisam estar dispostas a investir em tecnologia, capacitação de seus colaboradores e iniciativas que reforcem a sua resiliência. E mais, devem manter um diálogo aberto com seus membros para garantir que suas estratégias estejam alinhadas com as necessidades emergentes”, finaliza.
Por Leticia Rio Branco – Redação MundoCoop
Matéria exclusiva publicada na edição 120 da Revista MundoCoop