A agência do Sicoob da cidade da Feliz/RS, numa parceria com a Secretaria Municipal da Agricultura, reuniu produtores rurais na noite de sexta-feira (27) para palestra “Plantio de mudas de capim Capiaçu e Kurumi”. O evento ocorreu no Centro Cultural da Feliz e integra ação da Cooperativa no que diz respeito à recuperação do campo no período pós-enchente.
As cultivares são consideradas importante alternativa de plantio para a nutrição do gado de leite e de corte. A apresentação esteve por conta do engenheiro agrícola da Embrapa, Sérgio Elmar Bender; e do produtor rural certificado pela Embrapa em Camaquã/RS, Waldoir de Araújo da Costa.
Recuperação e alternativa produtiva
As enchentes no RS motivaram uma série de ações do Sicoob nas regiões afetadas, a exemplo do Vale do Caí. Com o intuito de auxiliar produtores rurais da Feliz e de municípios vizinhos, a Cooperativa Sicoob São Miguel adquiriu 100 mil mudas dos capins BRS Capiaçu e BRS Kurumi, que serão doadas aos agricultores para o plantio e recuperação das áreas degradas pelas cheias. “É mais uma forma que o Sicoob encontrou para contribuir e estar próximo das comunidades onde atua. Convidamos especialistas no assunto para trazer conhecimento e informação sobre essas duas alternativas de cultivares para a nutrição animal. São plantas muito resistentes e com bons índices nutricionais”, explicou o gerente da agência do Sicoob na Feliz, Marcos Cofferi, acrescentando que trata-se de um projeto de médio e longo prazo construído por várias mãos. “É algo que vai além das ações emergenciais que já desenvolvemos na comunidade, uma maneira de estarmos melhor preparados para situações extremas de crise climática, especialmente os produtores rurais que possuem gado de leite e de corte.”
O gestor de agronegócios da agência do Sicoob, Nédio Luiz Verdi, frisou que a palestra procurou trazer informações técnicas sobre essas duas cultivares. “Foram destacadas orientações sobre o cultivo, o momento certo para produção da silagem e pastoreio. O próximo passo, com a chegada e distribuição das mudas, prevista para esta semana, terá o acompanhamento técnico aos produtores no plantio”, revelou.
A secretária municipal da Agricultura, Ida Mara Palavro Klein, lembrou que a ideia do evento com os agricultores surgiu logo após as enchentes. “Os produtores perderam plantio de milho e silagem com a enchente de novembro e novamente em maio deste ano. Além disso, o custo de produção do hectare de milho é muito elevado. A proposta da palestra foi justamente para que o produtor conhecesse outras opções para fazer a silagem, não dependendo apenas do milho. Como o Capiaçu e o Kurumi são culturas perenes, não é necessário que seja cultivado todos os anos, com novo preparo do solo, como ocorre com o milho”, enalteceu, mencionando que muitos já demonstraram interesse no plantio na sua propriedade.
Planejamento forrageiro
Bender valorizou as características nutricionais das duas cultivares, classificadas como materiais rústicos com resistência à seca, geada e enchente. “Precisamos pensar em estratégias que possam reduzir a necessidade de compra de volumosos, o que interfere diretamente no custo de produção no campo. O planejamento forrageiro contribui nesse processo. Se não forem feitos os cálculos, os produtores rurais continuarão tendo os mesmos problemas. É fundamental analisar estratégias e culturas que possam garantir o volumoso nos diferentes períodos climáticos do ano. Transformar pasto em leite ou carne é um bom negócio”, explicou.
Entre outros dados, o engenheiro agrícola também falou do trabalho da Embrapa na pesquisa agropecuária e na busca por soluções aos produtores. “As parcerias são muito importantes, pois só conseguimos disponibilizar a tecnologia e o produto gerado pela pesquisa quando encontramos parceiros como o Sicoob e a Secretaria Municipal da Agricultura.”
Costa complementou a palestra trazendo dicas de plantio e manejo para o melhor aproveitamento no sistema de produção por mudas. “São materiais de alta produtividade (Capiaçu 200 toneladas por hectare e Kurumi até 140 toneladas por hectare), proteína, digestibilidade e palatabilidade, resistentes, perenes e lucrativas, que me possibilitaram mudar significativamente o rumo financeiro da propriedade“, revelou o produtor rural, que foi plantador de fumo e encontrou no Capiaçu e no Kurumi “a chance de seguir na propriedade, com a sucessão rural da família e comida na mesa”.