O Cooperativismo no estado da Paraíba apresentou nos últimos cinco anos uma alta significativa nos números de cooperados. Segundo o Anuário do Cooperativismo Brasileiro 2024, no ano passado, ele atingiu a marca de 99.961 pessoas associadas, ou seja 29% a mais do registrado em 2022, quando o setor somou 77.346 cooperados.
Alguns dos fatores responsáveis por esse crescimento são as cooperativas de crédito, que chegaram a 91.309 cooperados, 32,6% a mais que o total existente no ano anterior. Além delas, as do setor de saúde também cresceram em 17,5%, passando de 4.174 para 4.906 cooperados. Já o de infraestrutura e de consumos ampliaram de 14,5% e 7,4%, respectivamente.
A pesquisa teve como base as análises das 92 cooperativas do Sistema OCB/PB, e demonstrou também, que o setor rendeu um aumento de 3.690 trabalhadores, 29,4% a mais que o registrado em 2022.
A presença das organizações no estado promove a inclusão social e podem contribuir para a redução da desigualdade. Fora isso, o cooperativismo tem potencial para interiorizar e impulsionar o desenvolvimento dos pequenos municípios. Porém para que isso ocorra é necessário criar políticas públicas que apoiem e tragam perspectivas reais de desenvolvimento do movimento.
André Pacelli, presidente do Sistema OCB/PB, da Federação dos Sindicatos e Organizações das Cooperativas dos Estados da Região Nordeste (Fecoop/NE), lembra que em 2019, as organizações locais reuniam 49 mil cooperados, nesse ano os índices passaram de 99 mil cooperados.
“Um dos desafios do cooperativismo na Paraíba é ser mais reconhecido pelo importante papel que exerce na economia e na promoção do desenvolvimento das comunidades onde está inserido. O estado tem um cooperativismo bastante diverso, com um enorme potencial de crescimento, que precisa ser melhor compreendido pelo poder público para que tenhamos um ambiente mais favorável ao desenvolvimento do setor. Neste sentido, a OCB/PB tem realizado um intenso trabalho de interlocução política, levando as demandas das cooperativas aos gestores públicos e apontando soluções de melhorias”, diz André.
Cidades com atendimento financeiro
Entre as vantagens do cooperativismo na região estão o de oferecer produtos e serviços de qualidade para a população, gerar oportunidades e atuar como um importante agente de desenvolvimento local.
Alguns exemplos de transformações econômicas causadas pelas cooperativas são o caso de Cabaceiras, na região semiárida. Por décadas, o município viu seus habitantes migrarem para o Sudeste por conta da seca.
Atualmente, a cidade tem sua economia impulsionada por cooperativas que atuam na cadeia produtiva da caprinovinocultura, envolvendo desde a produção de leite e derivados até o artesanato em couro. Além disso, a única instituição financeira presente é uma cooperativa, assim como ocorre com outros municípios paraibanos.
Os pequenos empreendedores também têm se beneficiado dos serviços e produtos financeiros das cooperativas de crédito, que oferecem melhores taxas e condições de financiamento para estes negócios. Na área de saúde, as organizações exercem um papel vital, atuando nas mais diversas especialidades e promovendo assistência médico-hospitalar a milhares de paraibanos.
“Nos centros urbanos, temos grandes cooperativas atuando sobretudo nos ramos de crédito e de saúde. Temos também experiências bem-sucedidas de cooperativas que atuam na geração de energia solar, na produção artesanal, no transporte de passageiros, na construção civil e em vários outros segmentos. Na zona rural, destacam-se cooperativas de produtores de leite e derivados, de avicultura caipira e de fruticultura, além de agricultores familiares que produzem folhagens, raízes e tubérculos”, exemplifica Pacelli.
Esse movimento tem fortalecido a economia local, movimentando mais de R$2,7 bilhões na Paraíba e arrecadado mais de R$45 milhões em impostos. Os benefícios vão além da questão econômica, já que as cooperativas por princípio se preocupam com as pessoas que vivem no seu entorno. Por isso, em toda a Paraíba, elas desenvolvem projetos e ações sociais beneficiando milhares de pessoas.
Para manter o sucesso do cooperativismo na região, a OCB do Paraíba tem investido na divulgação para fortalecer a imagem do movimento e mostrar a presença das organizações na comunidade. “O cooperativismo tem crescido ano a ano na Paraíba, o que revela uma tendência de expansão do movimento em nosso estado. A nossa perspectiva é otimista em todos os setores, sobretudo naqueles em que o estado tem grande potencial como é o caso do turismo, da geração de energias renováveis e do agronegócio”, diz André.
A primeira cooperativa de energia solar
Animado com o cooperativismo do estado, Eduardo José de Araújo Braz, Engenheiro Eletricista e CEO da Coopsolar, resolveu criar em 2019 em João Pessoa a Coopsolar Cooperativa de Energia Solar, a primeira cooperativa de energia solar do Nordeste. Tudo começou com uma reunião inicial, que contou com a participação de vários engenheiros. Eles decidiram fundar uma cooperativa para gerar energia compartilhada.
Eduardo conta que atuam no estado por meio da Geração Compartilhada em que estão envolvidas oito usinas gerando 2630 MWh/ano e atendendo 91 cooperados e 148 unidades consumidoras. “A Coopsolar contribui com a economia da Paraíba, por meio de impostos de ICMS gerados na conta de energia, serviços realizados com prestadores para a manutenção e os funcionamentos das usinas. Principalmente, a contribuição com o meio ambiente, pois com a produção de energia limpa e renovável através das usinas da Coopsolar, contribuímos com a redução de 332 toneladas de CO2/ano ou a preservação de 1362 árvores”, lembra Braz.
O estado oferece boas condições para o negócio, já que apresenta os melhores índices de irradiação solar do Brasil, além de muita área disponível para instalação dos painéis solares. O engenheiro conta que a cooperativa vai seguir crescimento e pretende ter uma geração de energia renovável para atender mais consumidores dos estados da Paraíba, pois atualmente possui menos de 2% de sistemas solares instalados nos telhados
“A Coopsolar disponibiliza para seus cooperados, energia por locação onde não necessita o consumidor, realizar investimento, se preocupar com manutenção ou alteração na sua unidade consumidora. Ele apenas receberá créditos de energia renovável para ser descontado na energia consumida, e com economia e desconto”, indica o presidente da Coopsolar.
Cooperativa trabalha com a comunidade
Assim como a Coopsolar, a Arteza cooperativa de trabalho dos curtidores e artesãos em couro de Ribeira de Cabaceiras é pioneira em sua produção e se tornou a principal fonte de renda da população local. Mais de 400 pessoas estão envolvidas em sua produção.
A iniciativa de sua criação surgiu com Lucas de Araújo Castro, diretor administrativo financeiro da Arteza. Foi fundada em 31 de julho de 1998 com a participação de 28 sócios, cujo objetivo era organizar a atividade coureira da região e gerar empregos nos municípios de Cabaceiras e São João do Cariri.
Hoje atua com 75 sócios adimplentes produzindo aproximadamente 10 mil peças por mês entre bolsas, sandálias, chapéus, cintos e carteiras.
“A cooperativa vem tendo crescimentos exponenciais. Nos últimos cinco anos ela aumentou em quatro vezes suas vendas, além da presença em eventos e feiras nacionais. Nossos objetivos são capacitar mais pessoas tanto para produzir como gerenciar departamentos, assim, alcançar outros mercados como o externo. A cooperativa trabalha junto com a comunidade, no incentivo a esportes, e apoia os jovens com o Cooper jovem, falando sobre o cooperativismo, entre outras ações”, finaliza Castro.
Por Priscila de Paula – Redação MundoCoop