Cooperativismo não é apenas uma maneira de fazer negócios; é uma filosofia que promove a igualdade, a democracia e o desenvolvimento sustentável. Em Mato Grosso do Sul (MS), o ato de cooperar mostrou que não está de passagem, desempenhando um papel vital na diversificação da economia.
No Estado são mais de 100 cooperativas registradas no Sistema OCB/MS, distribuídas por diversos segmentos econômicos, com grande expressão nos setores de saúde, infraestrutura, trabalho, transporte, agronegócio e crédito. São aproximadamente 450 mil cooperados, empregando quase 13 mil pessoas e representando 10% do PIB Estadual.
Economia
Começando com um dos pilares do cooperativismo em MS, que são as cooperativas de crédito, que estão cada vez mais democratizando o acesso aos serviços financeiros. Para o presidente do Sicredi Campo Grande, Wardes Lemos, a cooperativa oferece condições mais justas e personalizadas para os membros.
“Há dez anos transformamos nossa organização em uma cooperativa de livre admissão de associados. Antes, éramos uma cooperativa segmentada, voltada exclusivamente para o setor agrícola, mas agora atendemos a comunidade em geral. Nosso compromisso é atender todas as necessidades de nossos associados, de olho sempre no crescimento conjunto”, revela.
Campo Grande desempenha hoje um papel crucial para o Sicredi, com duas cooperativas do sistema. As empresas oferecem soluções financeiras para pessoa física, jurídica e agro. Em janeiro deste ano, a soma dos associados das duas cooperativas em Campo Grande alcançou 100 mil membros, destacando a cidade como a capital com o maior número de associados no sistema Sicredi.
Mas quando falamos de cooperativismo em MS é bom destacar o impacto econômico na área da agricultura. O coordenador de monitoramento de cooperativas do sistema OCB/MS, Fabrício Rodrigues, reforça que as instituições agrícolas estão desempenhando um papel crucial para os bons resultados dos produtores.
“Mato Grosso do Sul possui 64 cooperativas agropecuárias que refletem o perfil econômico do Estado. Elas abrangem diversas atividades, incluindo a produção de soja, milho, hortifrútis e leite. Além disso, essas cooperativas estão comprometidas com o desenvolvimento sustentável”, detalha.
Um dos principais fundamentos do cooperativismo é a colaboração entre as cooperativas, conhecida como o sexto princípio, ou Intercooperação. Diante das demandas de mercado, novas possibilidades de ganhos são trabalhadas entre as cooperativas envolvidas.
“A intercooperação entre cooperativas reduz custos e impulsiona o desenvolvimento local por meio de investimentos conjuntos em pesquisa e tecnologia. Cooperativas, focadas nas pessoas, desempenham um papel essencial no desenvolvimento econômico das comunidades, mantendo os recursos financeiros na região”, complementa Fabrício.
Agricultura
Um case de sucesso está em Dourados, a 250 km de Campo Grande. A Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de Mato Grosso do Sul (Coplacana), nasceu em São Paulo (SP) e hoje atua também em Dourados com mais de 12 mil itens para a agricultura e serviços completos de assessoria no campo. Segundo o presidente da Copaclana, Arnaldo Antônio, para que as cooperativas alcancem resultados expressivos, é fundamental colocar o cooperado em primeiro plano.
“Um produtor solo enfrenta mais dificuldades do que aquele associado a uma cooperativa, que beneficia de suporte contínuo em tecnologia e técnicas agrícolas. As cooperativas, por meio de seus técnicos e engenheiros agrônomos, não só vendem produtos, mas também oferecem orientação técnica crucial, como no caso da mecanização e gestão de compactação do solo”, detalha.
Saúde
Mas quando falamos de cooperativismo, o segmento em MS não fica restrito apenas com as instituições de crédito ou agrícola. As cooperativas de saúde inovam ao oferecer modelos colaborativos de atendimento, integrando tecnologia e humanização no cuidado aos pacientes. O diretor administrativo da Unimed Campo Grande, Felipe Vieira, revela como isso tem feito a diferença na vida dos cooperados.
“A Unimed Campo Grande está focada em transformação cultural e inovação, concentrando esforços em três pilares fundamentais: processos, pessoas e tecnologia. A cooperativa investe nessas áreas para construir uma cultura de inovação contínua que beneficie os cooperados e melhore os resultados operacionais”, salienta.
A cooperativa de saúde está reforçando na qualidade dos serviços oferecidos por meio da tecnologia. Investindo em soluções digitais e processos automatizados, a Unimed criou um pronto de atendimento digital para agilizar a vida dos pacientes.
“Atualmente, a cooperativa tem em seu portfólio projetos inovadores em inteligência artificial e análise preditiva. Um projeto notável é o pronto atendimento digital, que combina tecnologia avançada e equipes altamente qualificadas para oferecer cuidados médicos rápidos a pacientes de baixa complexidade, sem a necessidade de deslocamento físico. Este serviço digital tem visto um aumento crescente em seu uso”, diz.
A paciente Amanda Cristóvão, 21, aprovou as mudanças implantadas e comemora a facilidade que as cooperativas oferecem para a população.
“Percebo uma diferença significativa ao ser atendida pela Unimed, uma cooperativa, em comparação a outros hospitais. Sinto uma maior proximidade com a Unimed, o que também me motivou a migrar para uma cooperativa de crédito. Hoje, as cooperativas são uma parte essencial da minha vida, e a diferença é claramente perceptível”, avalia
A presença dessas cooperativas fortalece a economia dos pequenos municípios, aumentando a resiliência econômica e promovendo uma maior autonomia financeira. Com isso, o cooperativismo prova ser essencial para o crescimento sustentável e inclusivo no interior do Estado. O presidente do Sistema OCB/MS, Celso Ramos Régis, explica a diferença do segmento nas 79 cidades.
“Em MS, as cooperativas têm um papel fundamental em muitas cidades, contribuindo significativamente para a economia local. Elas são grandes empreendimentos coletivos que promovem desenvolvimento sustentável, inclusão social e distribuição equitativa de renda. As cooperativas são uma parte essencial do mercado, não apenas localmente, mas em todo o mundo”, diz.
E para que isso continue sendo realidade, o Sistema OCB/MS vem contribuindo e ajudando os cooperados com capacitação e treinamento para lidar com esse mercado cada vez mais competitivo.
“As cooperativas têm demonstrado uma capacidade técnica notável, fazendo parte do Sistema OCB/MS que também engloba Goiás e Mato Grosso. O Sescoop/MS, criado em 1998 e conhecido como o “S do Cooperativismo”, é o mais jovem entre eles e é responsável pela capacitação e profissionalização no setor. Nossa sede, a Casa do Cooperativismo, está localizada em Campo Grande na Rua Ceará 2.245”, explica.
Em suma, o cooperativismo tem demonstrado ser um pilar fundamental para o progresso econômico de Mato Grosso do Sul. Essas cooperativas não apenas ajudam a estabilizar a economia local, mas também fomentam uma distribuição de renda mais justa, fortalecendo as comunidades. Além disso, elas incentivam a autonomia e o desenvolvimento sustentável, mostrando que o cooperativismo é uma estratégia eficaz para melhorar a qualidade de vida e garantir um futuro próspero para todos.
Fonte: A Crítica
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