Enquanto muitas organizações ainda questionam a existência da relação positiva entre felicidade no trabalho e produtividade, pesquisas recentes têm demonstrado uma inversão nessa lógica: a relevância da felicidade no trabalho se tornou tão fundamental que algumas organizações têm até mesmo implementado programas específicos voltados para esse propósito.
Um estudo realizado por pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), por meio do Programa de Pós-Graduação em Gestão de Cooperativas (PPGCOOP/PUCPR), revela o impacto positivo do Programa de Felicidade Interna do Cooperativismo (FIC) no equilíbrio entre vida pessoal e profissional dos colaboradores de cooperativas de crédito. De acordo com a pesquisa, programas de fomento à felicidade contribuem não apenas para o bem-estar dos trabalhadores, mas também para o desempenho das organizações e apontam a necessidade de uma abordagem holística para o work-life balance, o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.
Busca pelo equilíbrio
A pesquisa, desenvolvida por Cristina do Nascimento Moreira, egressa do PPGCOOP, orientada pelo professor Alex Weymer e coorientada pelo professor Paulo Baptista, foi desenvolvida em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado do Paraná (SESCOOP/PR).
O estudo consistiu de análises dos dados coletados ao longo de quatro anos, entre 2018 e 2022, fornecidos pelo SESCOOP/PR. Os dados foram analisados utilizando técnicas estatísticas, envolvendo análise fatorial e teste de amostras pareadas com o apoio do software IBM SPSS Statistics. Essas técnicas permitiram identificar as relações entre as variáveis, utilizando os disponibilizados pelo Sescoop/PR, extraídos de questionários do FIC.
“Isso envolve reconhecer não apenas o tempo de trabalho, mas também outros aspectos fundamentais da vida dos colaboradores”, destaca Alex Weymer, professor do Programa de Pós-Graduação em Gestão de Cooperativas (PPGCOOP/PUCPR).
O estudo revela que a implantação do FIC trouxe maior equilíbrio entre a vida pessoal e profissional dos empregados das cooperativas. “Essa melhora evoluiu desde a primeira aplicação e se manteve durante os anos seguintes. Isso significa que há um avanço no nível de felicidade dos empregados da cooperativa após a implantação do programa”, explica Weymer.
Desenvolvimento organizacional
Nas cooperativas, o FIC assume um papel estratégico, uma vez que proporciona um ambiente favorável para que líderes e equipes de trabalho adotem boas práticas de saúde e bem-estar, sem perder o foco de resultados organizacionais, incluindo diversas áreas, tais como: educação, saúde, cultura e preservação do meio ambiente, de forma sistêmica e holística.
Para que isso aconteça, a organização que aderir ao programa precisa assumir compromissos com perspectivas de longo prazo, especificamente em relação às seguintes dimensões: padrão de vida, governança, educação, saúde, meio ambiente, cultura, vitalidade comunitária, uso do tempo e bem-estar psicológico. “A eficácia do programa também depende de compromissos individuais assumidos pelos colaboradores da organização”, ressalta Weymer.
Para as organizações e gestores, a pesquisa é um incentivo para a implementação de práticas que promovam um ambiente de trabalho saudável e produtivo, com foco renovado no bem-estar dos funcionários. “Essa correlação não apenas destaca a eficácia do programa em melhorar a qualidade de vida dos colaboradores, mas também enfatiza sua importância para impulsionar o desempenho organizacional das cooperativas”, explica o professor.
Fonte: Press Manager
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