O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2023 foi de 2,9% em 2023 e fecha o ano em R$10,9 trilhões. O resultado foi divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (1º) e confirma a expectativa de especialistas do setor e do Ministério da Fazenda. Uma contribuição fundamental para que o país chegasse a esse resultado foi a atuação dos pequenos negócios, que representam cerca de 95% de todas as empresas e respondem por 30% da formação do PIB.
“Não há dúvidas que as pequenas empresas são o principal motor da nossa economia, pois são responsáveis por levar comida e dignidade para 86,5 milhões de brasileiros que são diretamente impactados por elas”, comenta o presidente do Sebrae, Décio Lima. “Esperamos que em 2024 os números sejam ainda melhores, com mais reduções da taxa Selic, avanços da Reforma Tributária e ampliação do acesso a crédito para os donos de pequenos negócios. Só assim as empresas vão crescer, gerar mais riquezas e apoiar na redução das desigualdades sociais”, acrescenta.
De acordo com o IBGE, a atividade Agropecuária cresceu 15,1% de 2022 para 2023, influenciando o desempenho do PIB do país. Houve crescimento também na Indústria (1,6%) e em Serviços (2,4%). Pela ótica da demanda, destaque para a Despesa de Consumo das Famílias, que avançou 3,1% em relação a 2022 – influenciado pela melhora das condições do mercado de trabalho, com aumento da ocupação, do salário real e da queda da inflação.
De acordo com o Índice Omie de Desempenho Econômico das Pequenas e Médias Empresas (IODE-PMEs), a expansão do setor foi mais do que o dobro do PIB em 2023. O maior avanço foi registrado na pequena e média indústria, com um crescimento de faturamento da ordem de 17%. O setor de serviços também apresentou resultados positivos e fechou o ano com uma alta de 4,4% em relação a 2022. Já o comércio teve uma retração de 3,6% na comparação com o ano anterior e o segmento de Infraestrutura teve queda de 2%.
Em 2023, as micro e pequenas empresas foram responsáveis por gerar mais de 80% dos postos de trabalho formal, de acordo com estudo feito pelo Sebrae com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o que contribuiu para a recuperação do poder de compra das famílias brasileiras. Foram mais de 1,18 milhão de empregos gerados por essas empresas.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços acumulados no país e é utilizado para medir o comportamento da economia brasileira. Um ponto que ajudou no crescimento do ano passado foi a redução da inflação, que chegou a 4,62% ao ano. Por outro lado, a taxa básica de juros (Selic) só começou a cair no mês de agosto, quando estava em 13,75% ao ano – atualmente está em 11,25%.
Cooperativas multiplicam linhas de crédito para pequenos negócios
Um dos maiores desafios dos pequenos negócios é a obtenção de crédito, e nos últimos anos, tanto a iniciativa privada quanto a pública, tem buscado formas de apoiar de forma massiva esse importante setor da economia.
Em janeiro, o Presidente da República – Luiz Inácio Lula da Silva – sancionou a Lei Lei 14.816/24, responsável por criar o Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. A nova Pasta visa fortalecer políticas, programas e ações voltadas para pequenos negócios, arranjos produtivos locais, artesanato, além de estimular o microcrédito e facilitar o acesso a recursos financeiros; e poderá tratar de cooperativismo e associativismo, promover cultura empreendedora inclusiva, identificar pequenos empreendedores e estimular o empreendedorismo feminino, entre outras funções.
As cooperativas fazem parte do Sistema Nacional de Fomento (SNF), organizado pela Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE), e consolidam-se cada vez mais como parceiras dos pequenos e microempresários em iniciativas de desenvolvimento sustentável. Só no primeiro semestre do ano passado, essas instituições financeiras somaram mais de R$5 milhões em carteira de crédito ativa para pequenas empresas, um aumento de 41,2%, se comparado ao mesmo período em 2022.
Com tamanha dimensão do setor, pouco a pouco, as cooperativas de crédito se voltaram para os pequenos negócios, criando produtos e linhas de crédito específicas, que consideram o contexto de cada negócio. Hoje, os principais sistemas realizam diversas ações, e registram ano após ano, mais associados que buscam a cooperativa como principal apoiadora do seu negócio. A seguir, veja como as coops estão atuando:
Sicoob
Durante 2023, o Sicoob desempenhou um papel crucial no apoio aos empreendedores de micro, pequenas e médias empresas em suas trajetórias financeiras. Segundo os dados mais recentes da instituição, o Sicoob atingiu a marca de R$ 45,9 bilhões em crédito concedido às empresas de diferentes portes ao longo do ano passado, registrando um aumento de 8% em relação a 2022. Com isso, a instituição financeira cooperativa assumiu a terceira posição entre as instituições financeiras privadas que participaram do Programa Nacional de Apoio às Microempresas de Pequeno Porte (Pronampe). Nesse programa, a instituição financeira cooperativa registrou um total de mais de 170 mil operações.
“Independentemente do setor em que atuam, nossos cooperados têm à disposição uma ampla variedade de linhas de crédito. Ao se planejarem cuidadosamente e escolherem por obter crédito junto ao Sicoob, estão se preparando para aproveitar oportunidades e investir no futuro de suas empresas. Além disso, contribuem para o bem-estar da sociedade, gerando empregos e impulsionando o desenvolvimento econômico local”, comenta Francisco Silvio Reposse Junior, diretor Comercial e de Canais do Sicoob.
Sicredi
O Sicredi projetou aumentar sua base de associados pessoas jurídicas (PJ) em 17% no ano passado. Dos mais um milhão associados PJ, 74% eram de micro e pequenas empresas; 22% microempreendedores individuais (MEI) e 4% médias e grandes. A representatividade entre os menores é tão expressiva que, das mais de 1,1 milhão de pequenas empresas no Brasil, 25% são associadas atualmente à instituição. Para dar suporte às empresas, o Sicredi oferece mais de 300 soluções financeiras e não financeiras, entre elas soluções de Fluxo de Caixa (aceitação, cobrança, folha de pagamento, gestão de pagamentos e gestão financeira), crédito, investimentos, cartão empresarial, câmbio, consórcios, seguros, entre outros.
“O Sicredi é visto como uma instituição financeira confiável, que se preocupa em oferecer soluções voltadas às necessidades de seus associados, mantendo um relacionamento próximo e sem deixar de ofertar a comodidade do digital. Nosso alcance em cidades menores, combinado com um atendimento personalizado e taxas competitivas, demonstra nossa dedicação em impulsionar o crescimento econômico local”, afirma Felipe Sessin, superintendente de Pessoa Jurídica do Sicredi.
Cresol
A Cresol oferece linhas de crédito específicas para os pequenos negócios, ajudando de forma efetiva os pequenos empreendedores a ganhar o fôlego necessário para superar momentos de desorganização do fluxo de caixa ou para concretizar a expansão, entre outros empecilhos do dia a dia.
No ano passado, a Cresol teve um volume de R$ 1,9 bilhão de liberações em capital de giro. Esse tipo de crédito ajudou milhares de negócios a reorganizar o fluxo de caixa e a evitar a falta de recursos para a manutenção do negócio. “Esta é uma linha de crédito que serve para corrigir um problema pontual de caixa, ou seja, há a previsão segura de novas entradas no futuro que servirão para equilibrar a entrada e saída de recursos e ainda cobrir as parcelas do empréstimo”, comenta Pablo Guancino, diretor de Negócios da Cresol Confederação.
Além do capital de giro, a Cresol oferece outras linhas de crédito para quem deseja investir no seu negócio ou precisa de um fôlego nas despesas, entre elas: antecipação de recebíveis, crédito para investimento fixo e misto e a linha de energia renovável (financiamento para equipamentos solares).
Ailos
O Ailos, sistema de cooperativas de crédito que conta com mais de 1,5 milhão de cooperados, em parceria com o BNDES Procapcred, neste ano passou a oferecer uma linha de crédito especial aos cooperados empreendedores e também para pessoa física, interessados em aumentar sua participação no capital social da cooperativa. Com um fundo de R$ 2 bilhões disponível para os sistemas cooperativos, a partir de março, a novidade está disponível tanto para pessoas físicas quanto jurídicas, ampliando o alcance do programa e proporcionando mais possibilidades ao público PF.
“Ao disponibilizar acesso a recursos financeiros para empreendedores e empresas, viabilizamos investimentos em negócios e projetos. Estes recursos resultam em benefícios como a geração de empregos, movimentação de recursos na economia local e, dessa forma, promovemos o desenvolvimento econômico dos nossos cooperados e das comunidades em que eles estão inseridos”, explica o coordenador de crédito das Cooperativas Ailos, Rafael Fagundes.
Por Redação MundoCoop, com informações e adaptação de Sebrae/Sicredi/Sicoob/Ailos/Cresol
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