As cooperativas que desejam ter sucesso no mundo dos negócios podem aprender muito com os pequenos empreendedores. Eles sabem que empreender é uma das empreitadas mais desafiadoras e emocionantes na vida. Mas essa não é uma tarefa fácil, é preciso montar uma boa estratégia, planejamento, buscar inovações, ouvir os clientes e, sobretudo oferecer uma experiência inesquecível ao consumidor.
A Pesquisa GEM fez um estudo com a participação de 110 países para detectar como eles estão em termos de empreendedorismo. Os dados foram coletados em 2022 e constatou que o Brasil ocupa o segundo lugar de maior população absoluta em potenciais empreendedores. Isso significa, que atualmente, mais de 93 milhões de brasileiros decidem seguir o caminho do empreendedorismo, estão entre eles as cooperativas, os cooperados, e os associados. Infelizmente a maioria, por falta de estratégia, deixa o seu negócio se estagnar e acaba morrendo.
Preocupado com a inabilidade de boa parte dos empreendedores, Leo Mack, sócio cofundador da uCondo e da evoluBe resolveu reunir os seus conhecimentos de anos sobre empreendedorismo e colocou no livro “Eu Empreendedor – Um guia de empreendedorismo para você que ama o que faz, mas não sai do lugar”, da editora Gente. O autor já atuou em cooperativas e conta que observou nelas a facilidade em unir uma classe e fornecer benefícios de acordo com o que cada segmento valoriza ou precisa.
A questão é que muitas vezes as cooperativas vão se tornando cada vez maiores e, em certo sentido, isso é bom, porque elas terão uma representatividade maior, e força perante as negociações. No entanto, algumas vezes, elas acabam ficando míopes em relação aos seus objetivos. Por isso, considera que os empreendedores podem ensinar a uma cooperativa, que mantenha sempre o olho no seu cliente, nesse caso, nas micro e pequenas empresas que estão lhes servindo. Por outro lado, é importante que ela se mantenha atenta aos empreendedores que atende. Quando uma cooperativa não escuta quais são os benefícios que querem, ela deixa de fazer o seu papel.
“Pode ser que os pequenos empreendedores não saibam fazer gestão, delegar, mas aqueles que continuam crescendo e vendendo, são os que escutam o cliente. As cooperativas devem fazer o mesmo. Se elas desejam se tornar boas empreendedoras devem surpreender os clientes com serviços e produtos que vão além do esperado. Precisam movimentar o mercado, trazendo benefícios para quem é cooperado.”, indica o autor.
Separar os segmentos
Algumas das indicações que os especialistas em empreendedorismo e pequenos empreendedores dão às cooperativas é o de separar os segmentos e focar no cliente. Elas devem estar sempre atentas, e não se acomodarem na busca por benefícios. Leo explica, que é fundamental ter sempre em mente que o mercado é dinâmico e as cooperativas devem se atualizar constantemente, escutando o cliente e se renovando.
Uma boa aposta é manter claro quais são os benefícios vigentes e os buscados, como, por exemplo: compra coletiva, vantagens de fisco, novas negociações fiscais, entre outros. É essencial que as cooperativas aprendam com os diferentes modelos de negócios, sejam eles grandes ou pequenos.
O especialista Paulo Jesus, CEO da Autte Facilities, Bacharel em Ciências Contábeis pela Faminas-BH, Pós-graduado em Gestão de Negócios pela Fundação Dom Cabral, explica que para que isso ocorra é primordial que sejam incorporados elementos com visão empreendedora em suas operações. O que inclui flexibilizar a oferta de produtos e serviços conforme a demanda e as dores do cliente, levando em consideração o propósito inicial da cooperativa.
“Um exemplo são as cooperativas extrativistas da Amazônia que se adaptam à necessidade das empresas que compram produtos in natura ou processados. Elas não se limitam à uma única fonte de extração, sendo possível, inclusive em alguns casos, mudar o perfil de cliente se a lucratividade for mais atrativa”, lembra Paulo.
O que elas precisam ter
Todo esse processo exige que as cooperativas desenvolvam algumas habilidades como manter-se ágil, flexível, ouvir atentamente os membros e clientes, investir em treinamento e desenvolvimento de pessoal, avaliar os seus produtos, inovar em serviços e processos, praticar uma comunicação eficaz e transparente entre os membros. Sem se esquecer de criar uma estratégia de longo prazo que considere o mercado e as suas tendências.
“As cooperativas podem aprender a ser mais flexíveis em suas operações, concedendo autonomia aos gestores locais para captarem as necessidades e elaborarem estratégias com fácil e rápida aplicações. Um exemplo é a concessão de autonomia limitada, considerando o comportamento do consumo local com alteração do valor dos produtos e serviços conforme a demanda”, diz Paulo.
As cooperativas que se tornaram grandes empreendedoras precisam ter em mente e em suas ações o hábito da inovação. Buscando novas ideias e soluções. Porém para se alcançar todos esses requisitos a cooperativa enfrentará muitos desafios, que podem ser facilmente contornados com planejamento e preparo.
Os desafios
Alguns deles é o das cooperativas buscarem um determinado nicho de mercado para que consigam traçar seus objetivos, gerar valores e atrair adesões. É preciso ter claro de que as necessidades de cada segmento são distintas, e a cooperativa que não compreender isso dificilmente alcançará o sucesso.
Mack explica que esse é um dos principais obstáculos que viu nas cooperativas. Nesse caso, uma das dicas do autor é dividir em grupos de acordo com os setores para que ela se tornar mais eficiente. Além desses, outros obstáculos podem prejudicar as suas evoluções no universo do empreendedorismo, um deles é o excesso de burocracia.
Uma das maneiras de lidar com esse problema é simplificar os processos internos sempre que possível. “É possível flexibilizá-los com o uso de tecnologia e constante revisões questionando o objetivo de cada etapa”, indica Jesus. Outro elemento que pesa muitas vezes nas cooperativas é a resistência às mudanças. Para driblar isso, os empreendedores sugerem incentivar uma cultura de adaptação e aprendizado contínuo.
A colaboração entre os membros e a integração dos departamentos dentro da cooperativa podem auxiliar todos esses processos. Por meio da visão de que cada membro em atividade deve convergir para o propósito e missão do coletivo.
“O sucesso duradouro nasce da paixão e do propósito. Na maioria das vezes, com o desenvolvimento do negócio, é comum que isso se perca, mas vale o esforço de buscar oportunidades comerciais alinhadas com os seus interesses genuínos e valores pessoais, revisitando-os sempre que preciso. É essencial se manter conectados emocionalmente ao negócio, lembrando o motivo pelo qual começaram, para que a cooperativa não se torne algo vazio e sem valor”, lembra Leo.
7 dicas para as Cooperativas terem sucesso como empreendedoras
Seguem algumas dicas do especialista Paulo Jesus, CEO da Autte Facilities, Bacharel em Ciências Contábeis pela Faminas-BH, Pós-graduado em Gestão de Negócios pela Fundação Dom Cabral para as cooperativas que desejam ter sucesso em seus caminhos no empreendedorismo.
- Tomar decisões descentralizada: Pequenos empreendedores têm a vantagem de tomar decisões de forma mais ágil e descentralizada. As cooperativas podem aprender a delegar mais poder de decisão para equipes e gestores locais ou de departamento, aumentando a eficiência.
- Cultura da inovação: Empreendedores têm uma mentalidade de busca constante por oportunidades de inovação. Cooperativas podem adotar essa cultura, incentivando a criatividade e a experimentação de novos produtos, processos e serviços entre seus membros.
- Maior conexão com a comunidade: Pequenos negócios têm raízes profundas nas comunidades em que operam, o que permite compreender as necessidades locais.
- Adaptação às tendências de mercado: Pequenos empreendedores são rápidos em perceber e se adaptar às tendências emergentes do mercado.
- Eficiência operacional: Apesar de seus recursos limitados, pequenos empreendedores são muito eficientes na gestão de seus negócios. As cooperativas podem aprender a otimizar processos e eliminar desperdícios, melhorando sua eficiência geral.
- Flexibilidade e agilidade: Os empreendedores conseguem se adaptar rapidamente às mudanças de mercado e inovar devido à sua estrutura enxuta. Grandes cooperativas podem aprender a agir com mais agilidade e flexibilidade.
- Foco no cliente: Empreendedores costumam estabelecer relações mais próximas com os clientes e entender suas necessidades de maneira mais direta.
Por Priscila de Paula – Redação MundoCoop
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