Vitrines virtuais, operações em nuvem, aplicativo para entender melhor o cliente e sistema de reconhecimento dos cooperados por biometria. É assim que as cooperativas capixabas estão caminhando rumo ao futuro, adotando ainda conceitos como big data, inteligência artificial e internet das coisas (IoT). As informações são do A Gazeta.
A Cooabriel, por exemplo, que atua há mais de 60 anos com café, percebeu a necessidade de inovar para se manter forte. A organização, além de contar com drones para fiscalizar a lavoura, iniciou, em 2021, a otimização das operações por meio da adoção de novas tecnologias na nuvem. Com mais de
6 mil cooperados, a cooperativa de São Gabriel da Palha conta com uma central de tecnologia da informação que monitora dados das lavouras, colheitas e vendas. Para ser digital, investiu mais de R$ 12 milhões e se tornou a primeira cooperativa do Brasil a operar completamente em cloud computing, graças à implementação do ERP Microsoft Dynamics 365. Esse investimento permite o acesso remoto aos serviços, arquivos básicos, softwares e processamento de dados a distância.
“A decisão de passar por um processo de transformação digital foi impulsionada pela necessidade de se adequar ao cenário global e melhorar a produtividade. Assim, a modernização da infraestrutura tecnológica se tornou elemento-chave em nosso planejamento estratégico”, afirma o superintendente-geral da Cooabriel, Carlos Augusto Pandolfi.
A intenção é que as operações não fiquem restritas apenas às instalações da cooperativa. A proposta é possibilitar a abertura de um escritório em outro país sem enfrentar burocracia no acesso a dados e informações. “Quando o processo de implantação do novo sistema for concluído, por volta de 2024, a cooperativa estará pronta para ter um controle mais efetivo sobre dados e processos”, acrescenta Pandolfi.
A digitalização também trouxe consigo a implementação de outros sistemas na Cooabriel. A cooperativa lançou o Programa Venda Segura, um sistema de biometria para cooperados, visando a otimizar os processos e proporcionar maior segurança e agilidade, especialmente no ato de comercialização do café. Além disso, por meio de um aplicativo, a instituição passa recomendações técnicas aos cooperados, entrega resultados de análises laboratoriais e permite cadastros e assinaturas de contratos de forma virtual.
O uso de apps no cooperativismo é tendência no Estado, segundo o diretor-executivo do Sistema OCB/ES, Carlos André de Oliveira. “Diversas cooperativas já têm aplicativos para manter um relacionamento mais próximo e facilitado com os cooperados. A expansão do e-commerce e a automatização de alguns trabalhos também fazem parte do dia a dia”, afirma Oliveira, ao acrescentar que a organização tem incentivado a inovação. A finalidade é ganhar em rapidez e qualidade desde a logística de produção até a gestão dos negócios.
Irrigação
Uma das tarefas no campo impactadas pelas novas tecnologias é a de irrigação. A Nater Coop tem apostado na internet das coisas para usar de forma consciente e sustentável os recursos hídricos. Sensores garantem a comunicação entre os sistemas para hidratar e nutrir as culturas, como horticultura, fruticultura, pastagens e cafeicultura, no momento certo. Além disso, utilizam a fertirrigação para “alimentar” as plantas de maneira mais precisa.
Nas áreas industriais do grupo, a inteligência artificial contribui para aumentar a produtividade na fábrica de laticínios e ração e também no processamento de ovos. A cooperativa hoje atua em três áreas (agricultura, alimentos e bens de consumo) e faz a gestão de marcas como Rações Coope, Pronova, Liva, Veneza e Rede Coope.
Os clientes são parte essencial ao incluir a era digital nos negócios da cooperativa. Por isso, tanto a Nater Coop quanto a Cooabriel usam o CRM (sigla em inglês para gestão de relacionamento com o cliente), que permite um relacionamento duradouro com o cliente e investidores. A gestão unificada das transações, com uma visão de 360 graus, é possível graças a essa plataforma que organiza contas e contatos de forma acessível e em tempo real, simplificando o processo de vendas.
A forma de comercializar os produtos também mudou. Atualmente, as vitrines se tornaram virtuais e, ao compreender esta nova realidade, a Nater Coop passou a incorporar seus produtos ao comércio eletrônico, em uma parceria com a Amazon. As vendas pela plataforma se iniciaram em 2019, quando foram comercializados 2 mil pacotes de Pronova. Em 2022, o total de produtos vendidos ultrapassou a marca de 90 mil embalagens.
De acordo com o diretor-geral da cooperativa, Marcelino Bellardt, a expectativa é que esse número chegue a 150 mil neste ano. Bellardt reconhece que a era digital veio para ajudar a posicionar a cooperativa diante das novas gerações. “Além de focarmos inovação e tecnologia, valorizamos o talento humano e as relações de confiança. Essa combinação nos permite cumprir nosso papel como cooperativa, representando mais de 20 mil famílias.”
Fonte: 180 graus
Discussão sobre post