Nos últimos dias 15 e 16 de dezembro, a MundoCoop esteve presente em Porto Alegre e Nova Petrópolis para mais uma edição do Encontro Nacional com Jornalistas e Formadores de Opinião, organizado pelo Sicredi.
O Encontro, realizado desde de 2015, promove uma imersão aos comunicadores convidados com a intenção de reforçar a atuação e importância do cooperativismo para a imprensa brasileira.
No primeiro dia, a recepção de mais de 60 jornalistas e formadores de opinião aconteceu no Centro Administrativo Sicredi (POA), único prédio no Brasil com certificação platinum de sustentabilidade, e as boas-vindas foram feitas pelo presidente do Conselho de Administração do Sicredi, Fernando Dall’Agnese, que apresentou os números do cooperativismo financeiro. Hoje, já são mais de 763 cooperativas de crédito no Brasil que atendem a 13,9 milhões de associados e geram diretamente quase 90 mil postos de trabalho.
Em seguida, o Diretor Presidente do Banco Cooperativo Sicredi, César Bochi, abordou dados e números do Sicredi, ressaltando os impactos socioeconômicos das cooperativas de crédito nas comunidades. Segundo ele, o estudo, encomendado pelo Sicredi e pela Fipe, comprovou que nas localidades que possuem uma cooperativa de crédito o PIB per capita municipal é 5,6% maior dos que aquelas que não têm. Além disso, nestes locais os empregos formais estão 6,2% maiores, os salários 1% maiores e o número de estabelecimentos tem uma alta de 15,7%.
Trazendo, especialmente, o Sicredi para o centro do palco, vários tópicos foram destacados. A instituição, por exemplo, está entre as 30 melhores instituições financeiras do mundo e, na contramão dos bancos, pretende abrir mais de mil agências nos próximos 3 anos. O motivo disso está no relacionamento. O associado pode realizar transações no universo digital, mas a disponibilidade do físico traz uma relação direta com as pessoas e a comunidade, seja associada ou não. Um diferencial cooperativista.
“O associado evolui à medida que evolui o comportamento das pessoas e o Sicredi acompanha isso, se adequando a esse comportamento. E para isso, estar presente é super importante” – César Bochi, Diretor Presidente do Banco Cooperativo Sicredi
Logo após, o Diretor do Woccu e Presidente da Central Sicredi PR/SP/RJ, Manfred Dasenbrock, destacou a atuação do sistema e a necessidade de maior divulgação do cooperativismo.
Continuando as discussões, a CEO do Conselho Mundial das Cooperativas de crédito (WOCCU), Elissa McCarter LaBorde, falou sobre o contexto internacional das cooperativas de crédito, elencando a digitalização, sustentabilidade e resiliência como três grandes pilares do movimento. Além disso, a promoção da igualdade foi fortemente ressaltada na conversa. “Não é preciso só dizer que existe espaço para mulheres e jovens, é preciso redesenhar a mesa em que sentamos. Está na hora de formarmos novos lideres”, finaliza LaBorde.
Voltando para o cenário nacional, a gerente geral da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Fabíola Motta, falou sobre a reformulação do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo (SNCC). Fabíola destacou que o sistema de cooperativas de crédito mais que triplicou de tamanho desde 2010 em número de ativos. “As cooperativas de crédito são responsáveis pela inclusão financeira de milhões de pessoas, uma vez que 70% de seus empréstimos são com valores abaixo de R$ 5 mil, demonstrando foco no microcrédito”, afirmou. Fabíola também fez questão de ressaltar a necessidade de combater o desconhecimento.
“Onde têm pessoas, pode haver uma cooperativa de crédito. Ao contrário das outras instituições que se preocupam com o lucro da região” – Fabíola Motta, gerente geral da OCB
Para finalizar as palestras, Ronaldo Vieira da Silva, chefe adjunto do Departamento de Promoção e Cidadania Financeira do Banco Central, destacou os grandes pilares da cidadania financeira: inclusão, proteção do consumidor, educação financeira e participação. Pontuando como focos de atenção das cooperativas nesse quesito.
Encerrando o primeiro dia do Encontro, os comunicadores realizaram uma visita guiada pelas instalações do Centro Administrativo, que conta com mais 40 mil metros construídos, além do data center da empresa que comporta todas as transações da cooperativa.
LEGADO CENTENÁRIO
No segundo dia de imersão, a visita aconteceu no berço do cooperativismo brasileiro, em Nova Petrópolis, onde, em 28 de dezembro de 1902, o Padre Theodor Amstad fundou o modelo cooperativo que deu origem ao Sistema Sicredi, hoje disseminado pelo Brasil inteiro.
No tour guiado, os comunicadores conheceram o novo espaço Sicredi Pioneira RS, uma agência experimental inaugurada em 8 de outubro e pensada para integrar a comunidade. O local é composto por coworking, auditório, lounge externo, espaço aberto ao público, carregador para carro elétrico e uma arquitetura que acolhe a região.
Para integrar essa apresentação, o Presidente da Central Sicredi Sul/Sudeste, Márcio Port, recebeu a todos e iniciou a conversa do dia. Em seguida, o Presidente do Conselho de Administração da Sicredi Pioneira RS, Tiago Schmidt, compartilhou números, ações e iniciativas da cooperativa, responsáveis por trazer o êxito apresentado.
Relembrando que a cooperativa é uma instituição sem fins lucrativos, mas com fins econômicos, Schmidt reforço que o papel da singular é conhecer a sua região e reconhecer a vocação econômica do local, seguindo um dos grandes slogans do sistema, “Presença nacional com atuação local”. Em nova Petrópolis, 60% da população é associada a cooperativa e para ele, esse feito se deve ao relacionamento com o associado, a integração com a comunidade e ao olhar para novos e potenciais mercados. “Quando um negócio cooperativista prospera, seu impacto é maior do que um negócio convencional”, acrescenta.
Ainda, Schimdt destacou a importância do Fundo Social, que destinou 30 milhões de reais a projetos sociais na região só em 2022, além de incentivar o voluntariado da sociedade, mudar a mentalidade das pessoas em relação aos hábitos e promover um estímulo cultural.
“Nosso papel como entidade é também oferecer serviços financeiros, mas trabalhar para a prosperidade dos seus sócios” – Tiago Schmidt, Presidente do Conselho de Administração da Sicredi Pioneira RS
Completando a visitação, os convidados conheceram os locais por onde o Padre Amstad passou, em Linha Imperial. O passeio passou por marcos como a Paróquia São Lourenço Mártir, onde se encontra o túmulo do Padre, a praça em homenagem ao patrono do Cooperativismo Brasileiro e a Caixa Rural de Nova Petrópolis, que promove a cultura cooperativista através de história e inovação.
DESTAQUE NACIONAL
Toda a imersão evidenciou como estreitar o relacionamento entre o cooperativismo e a imprensa é a principal demanda da atualidade, buscando criar uma parceria que aumente o alcance do movimento e mostre sua grandiosa atuação, que é centenária e imprescindível para o futuro do país.
Os diferenciais das cooperativas são incontáveis e extremamente necessários para enfrentar os maiores desafios do desenvolvimento brasileiro. Enquanto os grandes bancos retiram 52% dos recursos regionais concentrando-os em suas matrizes, os recursos depositados nas cooperativas ficam nas suas regiões e aumentam a capacidade de produção e o desenvolvimento local.
Ao final do Encontro Nacional com Jornalistas e Formadores de Opinião, o efeito de vivenciar afundo o cooperativismo ficou evidente. Não restam dúvidas de que o caminho para o fortalecimento do sistema está no conhecimento. Feito de pessoas para pessoas. Essa base do cooperativismo sempre foi a chave para um sucesso ainda mais próspero.
Por Fernanda Ricardi – Redação MundoCoop
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