O Brasil não é para amadores e quando o planeta todo é afetado por choques exógenos, o cenário fica ainda mais desafiador. Mas a vida não para (o brasileiro, em geral, é um otimista nato) e as decisões não podem esperar.
Meu objetivo com este artigo é ajudar você, leitor e cooperado, a entender melhor o pano de fundo econômico, ponderar seus objetivos e alternativas, para decidir com propriedade o investimento mais adequado.
O ano de 2022 começou otimista para o cenário local. Quem trabalha na economia real deve ter percebido um aumento dos investimentos em projetos, disponibilidade de vagas de trabalho e reabertura da economia, com recuperação significativa do setor de serviços.
Tudo caminhava para uma direção de reaquecimento das economias globais e uma grande festa de recuperação, após dois anos de reclusão e preocupações sanitárias. Mas logo começaram os desafios.
Sucessivamente, os indicadores de inflação reportados nos países da zona do euro, Estados Unidos e Brasil indicaram aumento generalizado e persistente dos preços, causado por uma combinação de escassez de insumos e excesso de dinheiro circulando nas economias.
A expectativa dos governos era de que essa combinação perderia força com a normalização das cadeias produtivas, mas logo em seguida veio a guerra da Rússia com a Ucrânia e novos lockdowns na China pelo avanço da Covid.
Quando a inflação está em níveis altos, os bancos centrais precisam elevar as taxas de juros para tentar diminuir a demanda por bens e serviços. Neste cenário você precisa avaliar o comportamento de duas variáveis: a inflação e a taxa de juros, e como elas afetam as suas alternativas de investimentos.
Se a inflação está alta e a taxa de juros baixa, os melhores investimentos que você pode fazer são: tomar crédito para investir no seu negócio ou atrelar suas reservas financeiras à inflação, através do Tesouro Direto, ou CDBs e títulos privados que remuneram IPCA + alguma taxa.
Se os bancos centrais se movimentam para conter a inflação e começam a elevar as taxas de juros, sem sinalização clara de quando irão parar, a melhor alternativa é conter os novos investimentos (o crédito ficará mais caro) e investir as reservas em produtos pós- fixados atrelados à taxa de juros, ou seja, Tesouro Direto, ou CDBs e títulos privados que remuneram algum percentual sobre o CDI (exemplo: LCA que remunera 85% do CDI).
Se, após sucessivos aumentos das taxas de juros, os anúncios dos bancos centrais é de que não serão necessários novos aumentos, então é chegada a hora de você investir nos ativos pré-fixados, na renda variável e se preparar para colocar em prática os projetos de investimentos nos negócios.
O momento que estamos exatamente agora, Brasil, em agosto de 2022, é justamente o que descrevem os dois parágrafos imediatamente anteriores.
É claro que, para quem não trabalha diariamente com o mercado financeiro, fica mais difícil saber quais investimentos e qual o momento atual da economia para tomar boas decisões. Por isso, contar com a ajuda do gerente cooperado é importante para obter as informações necessárias, sem esquecer da responsabilidade de cuidar bem dos próprios recursos.
A grande vantagem das cooperativas em relação aos demais bancos e agentes do mercado financeiro, é que elas não podem cobrar spreads tão altos e machucar seus clientes (como fazem as outras instituições), sob o risco de “matar a galinha dos ovos de ouro”.
Há, portanto, um alinhamento natural de interesses em relação ao crédito e investimentos. E se você é cooperado, vale a pena sempre avaliar as alternativas oferecidas pela sua cooperativa antes de mergulhar em um mar aberto e com tubarões.
*Por Thabata Abreu, Economista e Consultora Financeira
Artigo exclusivo publicado originalmente na edição 108 da Revista MundoCoop
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