As mudanças geradas pela longevidade atingem também o vocabulário, com o surgimento de novas palavras que as gerações mais jovens já precisam ir se acostumando. Primeiro, é fundamental entender o que significa a expressão “Novo Velho”, que se relaciona ao aumento da expectativa de vida que aconteceu mundialmente no último século, graças a conquistas sociais e avanços na prevenção e controle de doenças. Há 50 anos, um indivíduo de 60 anos era considerado ‘velho’ e já estava em casa aposentado, de pijama. Hoje em dia, no entanto, ao chegar aos 60 anos, o indivíduo geralmente ainda se mantém produtivo e refuta essa identidade ultrapassada. Assim, os novos velhos são aqueles avós que não aceitam só cuidar dos netos em casa, enquanto os filhos trabalham, porque têm compromissos próprios, desde trabalhar a ir à academia ou fazer uma viagem. Dessa forma, a imagem do idoso mudou radicalmente, o que se reflete na forma como é divulgada e entendida.
Entre as novas palavras também está a “gerontolescência”, que ganha cada vez mais espaço em todas as línguas do mundo. Criada pelo brasileiro Alexandre Kalache, a palavra explica a fase vivida pelos novos velhos. Começa perto dos 55 anos, quando a pessoa se dá conta das vantagens que esta idade pode ter. Ter profissão e trabalho bem definidos, sem precisar mais provar competência ou capacidade. Não dar mais satisfação de tudo o que faz, não ter que se preocupar em demasia no criar os filhos, ter mais liberdade, ter vontade de fazer as coisas que não pôde fazer antes. Tudo isso faz com que a pessoa passe a ver a vida de maneira diferente, com um tempero de liberdade. É mais ou menos, guardadas as devidas proporções, o que acontece na adolescência, quando se sai da infância e ainda não se é adulto. O que é interessante avaliar é que a adolescência dura em média 5 ou 6 anos, enquanto a gerontolescência, com o advento da longevidade, pode durar 20, 25 anos.
Também é novidade a expressão “Geratividade”, criada por Erik Erikson, um psicanalista
nascido na Alemanha que morou nos Estados Unidos e foi responsável pela Teoria do Desenvolvimento Psicossocial na psicologia. Segundo ele, o verbete está ligado ao envelhecimento ativo, que se traduz em criar as oportunidades necessárias para o envelhecer de maneira ativa, sem ficar apenas parado, esperando o tempo passar. A ideia está baseada no fato de que, nas diversas fases do desenvolvimento psicossocial, há um tempo em que, já com a idade avançada da vida, as pessoas ficam mais livres e não querem mais o retorno pelo sucesso financeiro ou por reconhecimento, mas de forma alguma isto significa estagnar no relógio da vida. Elas querem ser lembradas, querem inspirar, repassar suas experiências, gerando uma atividade entre as gerações, o que é extremamente positivo.
“A radical transformação do padrão demográfico corresponde a uma das mais importantes modificações verificadas na sociedade brasileira, com alterações na estrutura etária, especialmente pelo aumento da população de pessoas idosas que se mantém em atores ativos e produtivos” – Brasil: uma visão geográfica e ambiental do início do século XXI, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Conteúdo exclusivo publicado na Revista MundoCoop edição 107
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