Em 2023, as cooperativas mantiveram um papel crucial na economia de Minas Gerais. Um crescimento significativo foi registrado em diversas frentes, como na movimentação econômica, que avançou 9,5% na comparação com o ano anterior, somando R$ 129,7 bilhões. Além disso, o número de mineiros com algum tipo de envolvimento com o cooperativismo atingiu 47% da população. Os dados são do Anuário 2024 – Informações Econômicas e Sociais do Cooperativismo Mineiro, divulgado pelo Sistema Ocemg – formado pela junção do Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais (Ocemg) e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo de Minas Gerais (Sescoop-MG), em evento na capital mineira nesta quarta-feira (3). Para se ter uma ideia da importância do setor para o desenvolvimento econômico, o resultado do ano passado respondeu por 12,6% do Produto Interno Bruto (PIB) de Minas no período. Além disso, as cooperativas geraram renda de R$ 3,1 bilhões em tributos para o Estado. O presidente do Sistema Ocemg, Ronaldo Scucato, afirmou que o desempenho é resultado, sem dúvida, da gestão eficiente das cooperativas, que conta com o trabalho e a dedicação de 3,2 milhões de cooperados e mais de 57 mil colaboradores diretos. “São os nossos talentos que fazem com que o nosso segmento seja cada vez mais relevante para o desenvolvimento do Estado e do País”, disse. Empregados e cooperados O mercado de trabalho vinculado a essas organizações experimentou um crescimento robusto. O número de pessoas empregadas pelas cooperativas em Minas Gerais aumentou 5,2%, somando 57.380 empregos diretos. Isso representa um incremento de 2.845 novos postos de trabalho em comparação com o ano anterior, quando eram 54.535 empregos. No ano passado, os trabalhadores nas cooperativas em Minas Gerais tinham um salário médio de R$ 3.567,41. De acordo com o relatório do Sistema Ocemg, em 2023, o valor médio pago pelas cooperativas foi 35% superior ao registrado no setor privado do Estado (R$ 2.628,00). Além do aumento no número de empregos, o número de cooperados também registrou um aumento expressivo. Em 2023, houve um crescimento de 15% no número de cooperados, totalizando 3,2 milhões de cooperados. De acordo com as informações do documento, 98,4% dos cooperados em Minas Gerais estão concentrados nos ramos de crédito, consumo, agropecuário e saúde. Com toda essa pujança, o sistema cooperativista vem ganhando a confiança da população em Minas Gerais. No ano passado, 47% da população tinham algum envolvimento com essas organizações. Em 2022, eram 39% dos cidadãos mineiros. Expectativa é continuar a crescer A manutenção do crescimento nos últimos anos por parte das cooperativas mineiras resulta em uma expectativa positiva no setor. “Todos os indicadores pesquisados no Anuário, mais uma vez, foram positivos. O cooperativismo vem crescendo em um ritmo forte e chegou a dobrar seus resultados de movimentação econômica nos últimos cinco anos. Estou certo de que seguiremos nesse caminho de sustentabilidade dos negócios, contribuindo ainda mais para o desenvolvimento de Minas Gerais e do País”, afirmou Scucato. Cooperativas enfrentam desafios em Minas Gerais O presidente do Sistema Ocemg, Ronaldo Scucato, destaca que o cooperativismo enfrenta muitos desafios. Entre eles está a necessidade de melhorar a comunicação com a sociedade para mostrar a importância dessas organizações na vida das pessoas. “Precisamos fazer com que a sociedade conheça melhor o cooperativismo, que é um pilar fundamental para a prosperidade social. Precisamos também considerar a importância de termos políticas públicas que possibilitem ampliarmos ainda mais o nosso trabalho”, disse. O economista Ricardo Amorim, que fez uma palestra no evento de divulgação do Anuário 2024, lembrou que o mundo está passando por grandes transformações tecnológicas e muitas oportunidades surgem com essas mudanças. “Elas (cooperativas) precisam usar a força que têm, que é uma penetração nacional gigante, e, ao mesmo tempo, precisam estar muito abertas para uma modernização, principalmente tecnológica. Eu diria que esse é o caminho para que o impacto que as cooperativas podem ter em nossa sociedade seja tudo o que ele pode ser”, disse. Cooperativismo passa por consolidação O número de cooperativas em operação no Estado sofreu uma leve redução. Em 2023, eram 785, uma queda de 2,2% comparado ao ano anterior, quando eram 803 organizações, de acordo com o relatório da Ocemg. Porém, um dos fatores que levaram a essa diminuição é o processo de consolidação dessas organizações, como, por exemplo, no segmento de crédito, cujo número de cooperativas caiu 1,1% no exercício passado. Cooperativas de crédito cresceram acima da média em Minas Gerais No setor de crédito, as cooperativas mineiras mostraram solidez e expansão. Em 2023, este segmento movimentou R$ 71 bilhões, o que representa um crescimento de 24,3% na comparação com o mesmo período de 2022. No mesmo período, os ativos totais dessas cooperativas cresceram 27,7%, alcançando R$ 125,8 bilhões. Com o avanço nos resultados financeiros, as cooperativas de crédito ampliaram em 12,2% o total de postos de trabalho no segmento. Em 2023, eram 18.382 pessoas empregadas, contra 16.384 no exercício anterior. O modelo de atuação dessas cooperativas também vem ganhando a confiança dos mineiros. O segmento concentra, atualmente, o maior número de pessoas vinculadas. Dados do relatório do Sistema Ocemg apontam que o número de cooperados cresceu 15,8% no ano passado em relação ao exercício anterior, passando de 2,3 milhões para 2,7 milhões de pessoas. Agropecuária mantém sua importância para o cooperativismo em Minas Gerais O segmento agropecuário é, historicamente, um dos mais importantes e tradicionais no cooperativismo em Minas. No ano passado, essas organizações movimentaram R$ 40,3 bilhões. O resultado representa uma queda de 10,2% na comparação com 2022, quando atingiu R$ 44,8 bilhões. Apesar da retração, o segmento continua a ser um dos pilares para o desenvolvimento da atividade agropecuária em Minas. Para se ter uma ideia, as 191 cooperativas responderam por 17,6% do PIB do agronegócio do Estado. O cooperativismo é hoje responsável, por exemplo, por 57,5% da produção de café em território mineiro. A commodity agrícola é um dos principais itens da pauta de exportação do Estado. Segundo o Anuário de 2024, as organizações do segmento agropecuário contam com 19,5 mil empregados. Além disso, são 197,1 mil cooperados, perdendo apenas para as cooperativas de crédito. Fonte: Diário do Comércio